Por João Martins*
Foi em um dia de domingo, 10 de novembro de 2019, que um acontecimento chamou a atenção e frequentou as manchetes dos jornais em quase todo o mundo: a deposição do presidente Evo Morales, da Bolívia, um dos países do denominado “Triângulo do Lítio (Argentina, Chile e Bolívia), onde estão concentrados 60% da produção mundial.
É neste contexto de luta política na Bolívia que surge o já famoso comentário do bilionário Elon Musk no até então Twitter, hoje “X”: “ VAMOS DAR O GOLPE EM QUEM QUISERMOS. LIDE COM ISSO”, palavras que configuram uma ameaça explicita à soberania das nações, sobretudo as mais pobres e vulneráveis, sugerindo, também, interferência estrangeira em assuntos internos de nações soberanas.
Por trás da arrogância e das narrativas enganosas nas redes sociais, temos o conflito pelo controle das reservas estratégicas de recursos naturais, especialmente do Lítio, mas também por um outra preciosa matéria prima: as terras raras.
O caso do Lítio é explicado pela acirrada competição na produção e comercialização de veículos elétricos.
Musk é dono da Tesla, uma das maiores empresas deste ramo automobilístico, e enfrenta a forte concorrência dos chineses, que lideram a atividade e importunam os EUA e o bilionário da X. As baterias desses carros são carregadas com esse elemento químico de símbolo “Li”.
A tesla enfrenta sérias dificuldades, já acumulou uma baita desvalorização, de 33,6%, ao longo deste ano, a segunda maior queda registrada na Nasdaq. Crescem os rumores de que a empresa está à beira da falência.
Tal possibilidade foi admitida por Per Lekander, sócio-gerente da empresa de gestão de investimentos Clean Energy Transition, durante entrevista à CNBC, no último dia 3, após a Tesla informar a entrega de 386.810 veículos no primeiro trimestre do ano.
O volume reportado pela montadora de veículos elétricos foi 8,5% menor do que o verificado no mesmo período do ano passado, quando a empresa informou a entrega de 422.875 veículos. “Este foi realmente o início do fim da bolha Tesla, que provavelmente foi a maior do mercado de ações da história moderna”, disse Lekander à emissora de TV norte-americana. “Na verdade, acho que a empresa pode falir”, acrescentou.
É uma situação que tem muito a ver com o comportamento do dono da X, que se arvorou o direito de ofender a soberania nacional.
Lembremos: o Brasil possui altas reservas de Lítio (Vale do Jequitinhonha-MG etc.) e possui a terceira maior reserva de terras raras do mundo (China em primeiro).
O físico brasileiro, autor de vasta obra nesse campo como a “Dança do Universo”, afirmou: “As ideias de Elon Musk são perigosas. Ele podia ir para Marte e ficar lá, sozinho”. Tanto para o Cosmo quanto para a Terra.
*Joõ Martins é bancário aposentado e ex-deputado estadual pelo PCdoB-ES