Por Altamiro Borges
Enquanto prossegue o bárbaro genocídio em Gaza – até esse final de semana já tinham sido assassinados 32,5 mil palestinos, sendo quase 13 mil crianças, e havia outros 75 mil feridos –, o Brasil segue mantendo contratos milionários com empresas israelenses ligadas à área de segurança. Diante desse absurdo, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) apresentou requerimentos cobrando do Ministério da Defesa explicações sobre valores e serviços prestados por essas sinistras companhias sionistas para a Força Aérea Brasileira (FAB).
O principal motivo da cobrança é o acordo firmado com a Israel Aerospace Industries LTD no valor de R$ 86,1 milhões. Ele foi firmado sem licitação para a manutenção de dois drones Heron I, de fabricação israelense. A mutreta foi revelada pelo site Metrópoles no início do mês passado. Para a parlamentar, “a continuidade de qualquer tipo de contrato entre Brasil e Israel se mostra como forma de financiar a continuidade do massacre histórico do povo palestino”.
Em um dos requerimentos, Fernanda Melchionna solicita o relatório de atividades das aeronaves Heron I e a relação de contratos vigentes com Israel. Ela também questiona a existência de negociações entre a FAB e “o Estado de Israel ou empresas israelenses de tecnologia militar, armamento ou munição”. Em outro pedido, a deputada cita os contratos assinados ou renovados com empresas israelenses desde outubro de 2023, quando teve início o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
As contradições do governo Lula
“Tal informação teve repercussão pública e nos causa estranheza visto as manifestações públicas do governo federal que até então tem se posicionado publicamente a fim de reconhecer o genocídio na Faixa de Gaza realizado por Israel. Principalmente pela declaração nesse sentido feito em evento internacional pelo presidente Lula e também por Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, que em uma cerimônia pública, em Ramala, classificou como ‘ilegal e imoral’ ação de Israel em Gaza”, escreveu a deputada.
Como relembra o site Metrópoles, “o contrato entre a FAB e a Israel Aerospace Industries LTD, fabricante do Heron I, estabelece a prestação de serviços, por demanda, de suporte logístico das aeronaves durante um período de 58 meses, cobrindo 2.417 horas de voo, visitas técnicas, revisão (overhaul) de motores e fornecimento de componentes. Os dois drones foram comprados pela Polícia Federal em 2009 por R$ 27 milhões. E ficaram guardados em um galpão na cidade de São Miguel do Iguaçu, no Paraná, entre 2016 e 2019, quando foram doados à FAB e incorporados, em 2020, ao Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação, chamado Esquadrão Orungan”.
Ilustração: Visual Art