A classe trabalhadora e o movimento sindical argentino estão em pé de guerra contra o governo neofascista de Javier Milei, cujo projeto neoliberal satisfaz os interesses dos EUA e da oligarquia financeira internacional, mas agride frontalmente o povo trabalhador e as forças democráticas e patrióticas do país.
Os protestos são frequentes e o governo responde ampliando a repressão, numa clara escalada neofascista. Na quarta (3), trabalhadores e trabalhadoras do setor público protestaram contra as demissões em massa realizadas pelo líder da extrema direita argentina, que colocaram no olho da rua 15.000 funcionários da administração federal em nome da ideologia do Estado mínimo.
As vítimas do facão tentaram entrar nos locais de trabalho, mas o governo ordenou uma forte operação policial para impedir o acesso, o que propiciou um cenário caracterizado como “dramático, angustiante e perverso” por um manifestante entrevistado pelo jornal “Página 12”, que acrescentou: “não somos delinquentes”.
“Não temos outra alternativa além de resistir organizados e sustentar esta luta porque sabemos que isto é arbitrário”, disse numa assembleia improvisada Érica Almeida, delegada da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), no hall de acesso aos escritórios do Instituto Nacional contra a Discriminação, que foi cercado pelas forças de segurança mobilizadas pelo governo.
Em meio a cartazes e cânticos, manifestantes chegaram a enfrentar a polícia na porta do Ministério do Trabalho. A maioria das demissões foi notificada por e-mail durante a Semana Santa, cujo feriado se estendeu até a terça-feira (2) na Argentina, de acordo com a ATE, que convocou uma plenária urgente para definir ações.
Pior do que o FMI
Na semana passada, Milei havia anunciado que planejava reduzir o quadro da administração pública nacional em 70.000 postos de trabalho de um total de pouco mais de 332.000, segundo o último relatório do Instituto de Estatísticas e Censos (INDEC), publicado em fevereiro.
O político neofascista alega que essas demissões fazem parte do plano para chegar ao déficit zero em 2024. O neoliberal defede cortes orçamentários e demissões em massa para atingir a meta, mais draconiana que as exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual a Argentina tem uma dívida de US$ 44 bilhões (R$ 223 bilhões, na cotação atual).
Em resposta, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) convocou uma “grande mobilização” para o dia 1º de maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, em novo protesto contra as políticas do governo neofascista. A organização já havia organizado e liderado uma greve geral contra Milei, realizada no dia 24 de janeiro.
Nesta quinta-feira (4) mestres de escolas e professores universitários promovem uma paralisação nacional contra medidas do extremista, que extinguiu arbitrariamente por decreto o Fundo Nacional de Incentivo Docente (Fonid).
A temperatura da luta de classes está em alta na Argentina, o repúdio ao presidente neofascista e seu governo é crescente e muitos apostam que Milei não vai aguentar a pressão e deve sair de cena antes mesmo de concluir o atual mandato.
Foto: Luis Robayo/AFP