No último sábado, dia 30 de março, Jana Denyse Canuto foi eleita como a primeira mulher a assumir a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRRM) local. Sua ascensão representa não apenas uma conquista pessoal, mas também um avanço significativo na representatividade de gênero no comando do sindicato.
Uma história de luta: O legado do STTRM de Rio Maria-PA
Fundado em 1982 por João Canuto, avô de Jana, o STTR de Rio Maria tem uma história marcada pela dedicação à luta pelos direitos dos trabalhadores rurais na região. No entanto, essa luta também foi manchada por tragédias, com líderes sindicais sendo alvos de violência e assassinatos.
João Canuto, o fundador visionário do sindicato, foi assassinado em 1985, vítima dos interesses opressivos que ele desafiava. Ao longo dos anos, outros defensores dedicados também perderam suas vidas nessa batalha. Expedito Ribeiro de Souza foi assassinado em 1992, seguido por Carlos Cabral Pereira, pai de Jana, em 2019.
O papel de Orlando Canuto na presidência
Nos últimos dois anos, Orlando Canuto, filho de João Canuto e sobrevivente de um atentado em 1995, assumiu a presidência do sindicato, mantendo viva a chama da resistência e liderando a comunidade em tempos difíceis.
Jana Denyse Canuto
Jana Denyse Canuto, filha da professora e historiadora Luzia Canuto, cresceu imersa nos ideais de justiça e igualdade que seu avô e seu pai defenderam com tanto fervor. Agora, como presidenta eleita, ela se compromete a continuar essa luta em nome de todos os trabalhadores rurais de Rio Maria. “Pra mim é um motivo de orgulho muito grande e um desafio enorme assumir a direção deste sindicato para continuar a luta por direitos dos trabalhadores rurais neste municipio. Este sindicato que historicamente esteve do lado dos trabalhadores desde sua fundação em 1983, tendo como o fundador o meu avô João Canuto e Expedito Ribeiro de Souza, ambos assassinados por latifundiários neste município. O STTRM de Rio Maria também perdeu outras lideranças na luta pela terra, entre eles o meu pai Carlos Cabral Pereira assassinado em 2019. Registra-se que a violência sofrida pelos sindicalistas ficaram impunes e pra mim a luta por justiça também é uma responsabilidade. Vou dar o melhor de mim junto com a equipe, buscando parcerias para melhorar a vida da mulher e do homem do campo”, disse a presidenta.