Titulação foi concedida a Castelo Branco, Costa e Silva e Ernesto Geisel entre 1964 e 1981
O Conselho Universitário da Universidade Federal do Paraná (UFPR) cassou os títulos de “doutor honoris causa” concedidos a três presidentes do Brasil durante a ditadura militar.
A decisão foi tomada nesta segunda-feira (1º) em sessão extraordinária do órgão. Foram 40 votos favoráveis e 3 contrários. A cassação dos títulos veio um dia após os 60 anos do golpe militar de 1964.
O título de “doutor honoris causa” é a distinção máxima concedida por uma universidade a pessoas destacadas por seu prestígio social ou reconhecida contribuição científica, intelectual, acadêmica, cultural ou artística.
As titulações foram dadas aos seguintes presidentes:
Humberto de Alencar Castelo Branco, em 31 de julho de 1964;
Artur Costa e Silva, em 18 de setembro de 1968;
Ernesto Geisel, em 13 de janeiro de 1976, com o título entregue em uma cerimônia em 16 de janeiro de 1981;
O Conselho Universitário é o órgão máximo deliberativo da UFPR. Ele é presidido pelo reitor da instituição, Ricardo Marcelo Fonseca, e composto por 51 membros, entre professores, técnicos administrativos, alunos e representantes da comunidade.
O caminho até a revogação
O debate sobre a revogação começou após ofício enviado pelo Ministério Público Federal (MPF) à UFPR questionando se a instituição havia concedido títulos a personagens protagonistas da ditadura militar.
Em um primeiro momento, a universidade informou ao MPF que não havia dado essas homenagens.
Porém, após nova cobrança do MPF, a Secretaria dos Órgãos Colegiados da UFPR encontrou extratos de atas do Conselho Universitário que registravam os títulos entregues aos presidentes da ditadura militar.
No relatório que pediu a cassação, o atual reitor da universidade, Ricardo Fonseca, disse que ficou “surpreendido” com a descoberta das homenagens.
Com a decisão do Conselho Universitário, foram também cassadas as resoluções que determinavam a concessão dos títulos.
Foto – cerimônia do título concedido a Geisel, agora retirado – Reprodução-UFPR
Um comentário
Considero um ato de profunda coerência frente aos anseios democráticos do povo brasileiro.