O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta segunda-feira (25) uma resolução de cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. O texto foi proposto por um conjunto de 10 nações com assento rotativo no Conselho de Segurança lideradas por Moçambique. Foi a única resolução propondo cessar-fogo no território palestino que não foi vetada pelos EUA. Sob forte pressão de setores do Partido Democrata, o governo Biden, candidato à reeleição neste ano, optou pela abstenção.
O Hamas saudou a resolução, ressaltando que ela “afirma a disposição de se envolver em trocas imediatas de prisioneiros de ambos os lados
Já o Estado terrorista de Israel, comandado pelo neonazista Benjamin Netanyahu, demonstrou uma clara insatisfação com o resultado da votação e criticou a abstenção do padrinho imperialista, que até agora esteve respaldando o genocídio levado a cabo pelos sionistas.
Acusado de corrupção, Netanyahu é um líder político da extrema direita desacreditado e repudiado pelo povo. Seu governo estava por um fio antes de iniciar o massacre em Gaza, que ele enxerga como uma tábua de salvação do próprio mandato. Sua gestão provavelmente não sobreviverá a um cessar fogo, daí sua obstinação com o genocídio, palavra que autoridades da ONU usaram pela primeira vez para classificar o que está em curso na Faixa de Gaza.
A relatora especial das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, publicou relatório nesta segunda-feira (25) afirmando que existem “motivos razoáveis” para sustentar que Israel promove um genocídio na Faixa de Gaza.
“A natureza esmagadora e a escala do ataque de Israel à Gaza e as condições de vida destrutivas que [Israel] infligiu revelam uma intenção de destruir fisicamente os palestinos, enquanto grupo”, diz o informe da relatora.
É a primeira vez que um informe ligado à ONU acusa Israel de genocídio. A relatora, que tem um mandato independente, foi nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Iniciado em 7 de outubro do ano passado, em resposta a uma ação ofensiva do Hamas, o genocídio já ceifou a vida 32.333 palestinos e deixou 74,694 pessoas feridas, segundo as últimas informações do Ministério de Saúde da Faixa de Gaza, além de desabrigar mais de um milhão, ficando os moradores de Gaza carentes de energia, água, remédios e alimentos.
O detalhe macabro é que em torno de 70% das vítimas são mulheres e crianças inocentes, embora a propaganda sionista insista que o Estado terrorista de Israel está em guerra contra “os terroristas do Hamas”.
Fracasso seria imperdoável
A aprovação da resolução não é uma solução automática para a guerra. O desafio agora é garantir que o governo de Israel cumpra as determinações do Conselho de Segurança da ONU.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, celebrou a medida com a seguinte declaração:
“O Conselho de Segurança da ONU acabou de aprovar uma resolução muito esperada sobre Gaza, pedindo um cessar-fogo imediato e a libertação de todos os reféns. Esta resolução deve ser implementada, um fracasso seria imperdoável”.
Depois de se reunir com trabalhadores humanitários que operavam em Gaza, Guterres disse que eles “nunca encontraram uma situação tão difícil” como a crise humanitária em Gaza.
Teor da resolução
A resolução aprovada nesta segunda-feira determina um cessar-fogo durante o mês do Ramadã, período sagrado para os muçulmanos — que começou dia 10 e termina em 9 de abril—, mas pede que a trégua aumente até virar permanente.
A resolução também fala na “libertação imediata e incondicional de reféns” e trata da “necessidade urgente de expandir o fluxo” de ajuda humanitária para Gaza. Foi aprovada pelo placar de 14 votos a zero, com uma abstenção, dos Estados Unidos.
O Conselho de Segurança é formado por 15 países: cinco com assento permanente (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) e dez rotativos (Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coréia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suíça).
O resultado demonstra o crescente isolamento do governo sionista liderado pela extrema direita e a solidariedade global de povos e governos ao povo palestino. A paz na região só será alcançada após o reconhecimento e a consolidação do Estado da Palestina.