Pretendente fracassado ao cargo de ditador neofascista do Brasil, Jair Bolsonaro deve perder o sono nesta sexta-feira (15) em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou do sigilo os depoimentos demolidores do general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e do tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, da Aeronáutica.
Os dois comandantes militares detalham os movimentos golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que culminaram no fatídico 8 de janeiro, atestam a existência de decretos prevendo as hipóteses de instituição de GLO, Estado de Sítio e Estado de Defesa e a ocorrência de mais de uma reunião para debatê-los em Brasília buscando envolver o Alto Comando das Forças Armadas.
Tudo isto aconteceu antes e mesmo depois do segundo turno das eleições presidenciais. As urnas deram vitória ao presidente Lula, mas o líder da extrema direita brasileira conspirou e agiu para impedir sua posse e instalar no Brasil uma ditadura fascista encabeçada por ele. O plano previa a prisão e assassinato do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Argumento fajuto
Encurralado, o ex-presidente não contestou o teor dos depoimentos, mas procura se escudar no argumento, descarado e fajuto, de que não é crime discutir iniciativas que estariam previstas na Constituição. Mas, as minutas golpistas propostas por Bolsonaro e Companhia não têm qualquer amparo na Carta Magna brasileira.
Os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Marinha, coincidentes em muitos pontos e coerentes em seu conjunto, incriminam de forma definitiva o “mito” dos fascistas.
Tanto Freire quanto Baptista Júnior afirmaram taxativamente que se opuseram à aventura golpista, inclusive advertindo o ex-presidente que o movimento carecia de respaldo constitucional e constituía um crime que poderia resultar em sua prisão.
Garnier queria o golpe
O ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teve uma conduta diferente. Apoiou a proposta e colocou suas tropas à disposição de Bolsonaro. Os depoimentos divulgados nesta sexta-feira revelaram detalhes que não deixam margens a dúvidas sobro o protagonismo de Jair Bolsonaro na trama golpista que culminou no 8 de janeiro.
Ficou claro que o ex-presidente foi avisado várias vezes que não teria apoio das Forças Armadas para dar o golpe e mesmo assim insistiu; mandou o Ministro da Defesa tentar convencer os chefes das FFAA; apresentou na reunião com os militares, depois do segundo turno das eleições presidenciais, a mesma minuta golpista encontrada no celular do Cid; Anderson Torres e Filipe Martins davam sustento jurídico ao golpe.
Gomes foi chamado de “cagão”
Durante o segundo semestre de 2022, quando Bolsonaro perdeu as eleições para Lula, a trama golpista ganhou força no núcleo do governo. Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), Freire Gomes participou de uma reunião com Bolsonaro e outros comandantes militares.
Nessa reunião, Bolsonaro tratou sobre uma minuta de decreto golpista, que previa instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e “apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral” de 2022.
Freire Gomes confirmou a reunião e a minuta, relatando que Bolsonaro descreveu o documento como “em estudo” e mencionou que depois “reportaria a evolução aos comandantes”.
Aliados próximos de Bolsonaro, em trocas de mensagens, xingavam Freire Gomes por não aderir ao movimento golpista.
O também general e ex-vice na chapa eleitoral de Bolsonaro, Braga Netto, chamou Freire Gomes de “cagão” em uma conversa com outro militar.
Bolsonaro foi ameaçado de prisão
Em seu depoimento, Baptista Jr., que comandava a Aeronáutica no período, afirmou que Freire Gomes alertou Bolsonaro, em reunião com os comandantes das Forças Armadas, que teria que prender o ex-presidente se ele tentasse consumar o plano golpista.
O documento da PF registra a fala de Baptista Jr., indicando que Freire Gomes afirmou que, caso Bolsonaro tentasse atentar contra o regime democrático, teria que ser preso. Esses depoimentos revelam a gravidade da situação e a participação direta de Bolsonaro na trama golpista. A digital de Bolsonaro na conspiração ganhou maior nitidez.
Sem anistia
Por tudo isto ganhou força nas redes sociais nesta sexta-feira o clamor popular popular por justiça e punição exemplar dos golpistas traduzido na campanha “Bolsonaro na cadeia”.
Logo que surgiram os primeiros detalhes, influenciadores, usuários comuns, blogueiros, jornalistas e parlamentares repercutiram as falas dos ex-comandantes com pedidos, análises e memes, sempre utilizando o termo. Bolsonaro na cadeia está entre os assuntos mais comentados desta sexta-feira.
O jornalista Cesar Calejon já iniciou uma conta para que a prisão de Bolsonaro seja “o maior símbolo da nossa história”, considerando que em duas semanas o Golpe Militar de 1964 completa 60 anos. “O projetinho fracassado de ditador, que diz ser a favor da tortura e enalteceu o Ustra, preso na data de aniversário do golpe de 64 pelo crime de golpe de estado contra a democracia brasileira”.
Com informações do DCM