Por Adilson Araújo, presidente da CTB
(Abaixo, no fim do texto em português, são reproduzidas versões em espanhol e inglês)
Vivemos um momento histórico carregado de sérios riscos e desafios para a classe trabalhadora e as forças democráticas e progressistas em todo o mundo.
Estamos diante de uma crise geral do capitalismo.
Uma crise que é ao mesmo tempo econômica e geopolítica. Este último aspecto transparece na decomposição da ordem imperialista mundial liderada pelos EUA, instituída após a 2º Guerra Mundial, o que origina um processo de transição geopolítica conturbado e imprevisível.
Hoje é notória a decadência dos EUA e das potências capitalistas que compõem o G7. Em contraste observa-se a ascensão da China e do Brics.
Presenciamos a explosão das contradições características da economia política burguesa e consequentemente o acirramento das lutas de classes, dos choques entre capital e trabalho e especialmente das tensões e conflitos internacionais, que podem conduzir o mundo a uma 3º Guerra Mundial, desembocando numa catástrofe nuclear.
O quadro, já por si tenebroso, é agravado pela crise ambiental e climática, que também escalou uma altitude temerária.
Em resposta à crise, as classes dominantes, sob a hegemonia da oligarquia financeira internacional, empreendem uma feroz ofensiva contra a classe trabalhadora e o movimento sindical. Impõem, em quase todo o mundo, uma agenda de destruição e flexibilização de direitos trabalhistas, precarização do mercado de trabalho e redução da participação dos salários nos PIBs.
Apropriado e manipulado pelos capitalistas, o avanço da produtividade do trabalho exacerba o drama do desemprego, ao invés de resultar em redução da jornada de trabalho. Contribui também para a precarização das relações de produção e intensificação da exploração da força de trabalho, como se verifica nas plataformas.
A escravidão contemporânea ganha força e, em nosso país, avançou no leito das mudanças da legislação trabalhista aprovadas após o golpe de 2016, que em sua essência, e também na análise classista dos embates políticos, foi um golpe do capital contra o trabalho.
A OIT prevê a incorporação de mais dois milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao exército mundial de desempregados ao longo deste ano.
Até 300 milhões de empregos em tempo integral podem ser automatizados de alguma forma pela mais nova onda de inteligência artificial que gerou plataformas como o ChatGPT, segundo estimativas de economistas do Goldman Sachs.
Prossegue também a crise dos refugiados. Mais de 3.700 pessoas morreram tentando desesperadamente chegar numa hostil e a cada dia mais xenófoba Europa durante o ano passado, principalmente em naufrágios no Mar Mediterrâneo.
Os pedidos de asilo para a União Europeia (UE) aumentaram 18%, chegando a 1,14 milhão em 2023, o maior nível desde a crise migratória entre 2015 e 2016.
Reflexo do movimento de concentração e centralização do capital, cresce de forma escandalosa a concentração da renda.
Dois terços de todas as novas riquezas geradas no mundo, nos últimos dois anos, foram acumulados por 1% da população. O dado consta no mais novo relatório da Oxfam.
A fortuna dos cinco homens mais ricos do planeta mais que dobrou desde 2020 – saltando de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões –, ao mesmo tempo em que as quase cinco bilhões de pessoas mais pobres ficaram ainda mais pobres.
O acirramento das tensões e conflitos internacionais vem acompanhado de uma perigosa corrida armamentista. Os gastos militares globais em 2023 foram 9% maiores do que em 2022, totalizando US$ 2,2 trilhões, batendo um novo recorde em uma tendência já ascendente, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
Alimentada pela guerra, a indústria da morte é quem mais lucra e prospera neste cenário belicoso.
Isto traduz uma inversão de prioridades que evidencia a falência da ordem mundial imperialista hegemonizada pelos EUA.
Conforme ponderou o presidente Lula, o dinheiro gasto com guerras poderia acabar com a fome no mundo.
“Não é possível que em um planeta que produz comida suficiente para alimentar toda a população mundial, cerca de 735 milhões de seres humanos não tenham o que comer”, denunciou o presidente brasileiro, que também condenou com firmeza e coragem o “genocídio na Faixa de Gaza”, que, conforme notou, afeta “toda a humanidade porque questiona o nosso próprio senso de humanidade e confirma uma vez mais a opção preferencial pelos gastos militares, em vez de investimentos no combate à fome na Palestina, na África, na América do Sul ou no Caribe”.
Neste ambiente de crise geopolítica e crescente degradação econômica e social germina e floresce o neofascismo.
Traduzindo os interesses da oligarquia financeira, a extrema direita avança no mundo, e principalmente nos continentes europeu (difundindo ódio e preconceito contra imigrantes) e americano. Bolsonaro, no Brasil, e Milei, na Argentina, são duas expressões patéticas deste fenômeno.
Organizados internacionalmente, os neofascistas se apresentam enganosamente como uma força antissistema para ganhar mentes e corações, quando na realidade têm o objetivo de aprofundar e radicalizar a exploração capitalista e impor aos povos um regime sanguinário, intolerante e xenófobo. A América Latina vive num contexto de cerco e espionagem imperialista, polarização social e instabilidade política.
O sindicalismo classista deve se contrapor à tendência ao obscurantismo e à barbárie intensificando o internacionalismo proletário e procurando globalizar as lutas da classe trabalhadora.
É nosso dever condenar com energia e lutar contra o genocídio em curso na Faixa de Gaza, apontando a cumplicidade dos EUA nos crimes praticados pelo regime sionista de Israel, defender o fim do conflito entre Rússia e a Ucrânia, que trava uma guerra por procuração dos EUA e da OTAN, exigir o fim do criminoso bloqueio conta Cuba, assim como uma nova ordem mundial fundada no respeito do direito à autodeterminação das nações, solução negociada dos conflitos internacionais, desenvolvimento soberano das nações e combate à fome e miséria no mundo.
Os impasses atuais são produto do imperialismo, que deve ser destruído e superado.
Neste caminho é indispensável realizar um incansável e persistente esforço de esclarecimento e elevação do nível de consciência político da classe trabalhadora, denunciar e lutar com toda a energia contra a direita neofascista, estimular a revolta contra a exploração e a opressão capitalista.
Mais do que em qualquer outra época histórica a humanidade se defronta hoje com o dilema entre barbárie e socialismo.
O capitalismo já não tem nada de positivo a oferecer à humanidade e caminha celeremente em direção à barbárie neofacista.
É hora de reiterar e renovar a luta pelo socialismo, que é ideal maior da classe trabalhadora e a única saída progressista para a crise com que nos defrontamos.
EM ESPANHOL
Es hora de reiterar y renovar la lucha por el socialismo
Por Adilson Araújo, presidente del CTB
Vivimos en un momento histórico plagado de graves riesgos y desafíos para la clase trabajadora y las fuerzas democráticas y progresistas de todo el mundo.
Estamos ante una crisis general del capitalismo.
Una crisis que es a la vez económica y geopolítica. Este último aspecto es evidente en la descomposición del orden mundial imperialista liderado por Estados Unidos, establecido después de la Segunda Guerra Mundial, que da lugar a un proceso de transición geopolítica turbulento e impredecible.
Hoy en día, es bien conocida la decadencia de Estados Unidos y las potencias capitalistas que integran el G7. En cambio, se puede observar el ascenso de China y los BRICS.
Asistimos a la explosión de contradicciones características de la economía política burguesa y, en consecuencia, a la intensificación de las luchas de clases, los enfrentamientos entre el capital y el trabajo y, especialmente, las tensiones y conflictos internacionales, que podrían llevar al mundo a una Tercera Guerra Mundial, con resultado de una catástrofe nuclear.
La situación, que ya de por sí es terrible, se ve agravada por la crisis ambiental y climática, que también ha escalado a un nivel imprudente.
En respuesta a la crisis, las clases dominantes, bajo la hegemonía de la oligarquía financiera internacional, lanzan una feroz ofensiva contra la clase trabajadora y el movimiento sindical. Imponen, en casi todo el mundo, una agenda de destrucción y flexibilización de los derechos laborales, precarizando el mercado laboral y reduciendo la proporción de los salarios en el PIB.
Apropiado y manipulado por los capitalistas, el aumento de la productividad laboral exacerba el drama del desempleo, en lugar de resultar en una reducción de las horas de trabajo. También contribuye a la precariedad de las relaciones de producción y a la intensificación de la explotación de la fuerza laboral, como se ve en las plataformas.
La esclavitud contemporánea está cobrando fuerza y, en nuestro país, ha avanzado a través de cambios en la legislación laboral aprobada tras el golpe de 2016, que en esencia, y también en el análisis de clase de los enfrentamientos políticos, fue un golpe del capital contra el trabajo.
La OIT planea agregar dos millones más de trabajadores al ejército global de desempleados a lo largo de este año.
Según estimaciones de economistas de Goldman Sachs, hasta 300 millones de empleos a tiempo completo podrían automatizarse de alguna manera gracias a la nueva ola de inteligencia artificial que ha generado plataformas como ChatGPT.
La crisis de los refugiados también continúa. Más de 3.700 personas murieron el año pasado tratando desesperadamente de llegar a una Europa hostil y cada vez más xenófoba, principalmente en naufragios en el mar Mediterráneo.
Las solicitudes de asilo a la Unión Europea (UE) aumentaron un 18%, hasta alcanzar 1,14 millones en 2023, el nivel más alto desde la crisis migratoria entre 2015 y 2016.
Como reflejo del movimiento de concentración y centralización del capital, la concentración del ingreso está creciendo escandalosamente.
Dos tercios de toda la nueva riqueza generada en el mundo en los últimos dos años fue acumulada por el 1% de la población. Los datos aparecen en el último informe de Oxfam.
La fortuna de los cinco hombres más ricos del planeta se ha más que duplicado desde 2020 (pasando de 405.000 millones de dólares a 869.000 millones de dólares), mientras que los casi cinco mil millones de personas más pobres se han vuelto aún más pobres.
La intensificación de las tensiones y los conflictos internacionales va acompañada de una peligrosa carrera armamentista. El gasto militar mundial en 2023 fue un 9% mayor que en 2022, alcanzando un total de 2,2 billones de dólares, batiendo un nuevo récord en una tendencia ya ascendente, según datos publicados por el Instituto Internacional de Estudios Estratégicos.
Impulsada por la guerra, la industria de la muerte se beneficia y prospera más en este escenario bélico.
Esto refleja un cambio de prioridades que pone de relieve la quiebra del orden mundial imperialista hegemonizado por Estados Unidos.
Como consideró el presidente Lula, el dinero gastado en guerras podría acabar con el hambre en el mundo.
“No es posible que en un planeta que produce suficientes alimentos para alimentar a toda la población mundial, alrededor de 735 millones de seres humanos no tengan nada que comer”, denunció el presidente brasileño, que también condenó con firmeza y valentía el “genocidio en la Franja de Gaza”. ”, que, según señaló, afecta “a toda la humanidad porque cuestiona nuestro propio sentido de humanidad y confirma una vez más la opción preferencial por el gasto militar, frente a las inversiones en la lucha contra el hambre en Palestina, África, América del Sur o el Caribe”. ”.
En este entorno de crisis geopolítica y creciente degradación económica y social, el neofascismo germina y florece.
Traduciendo los intereses de la oligarquía financiera, la extrema derecha avanza en el mundo, y principalmente en el continente europeo (difundiendo el odio y los prejuicios contra los inmigrantes) y americano. Bolsonaro, en Brasil, y Milei, en Argentina, son dos expresiones patéticas de este fenómeno.
Organizados internacionalmente, los neofascistas se presentan engañosamente como una fuerza antisistema para ganarse las mentes y los corazones, cuando en realidad su objetivo es profundizar y radicalizar la explotación capitalista e imponer al pueblo un régimen sanguinario, intolerante y xenófobo. América Latina vive en un contexto de asedio y espionaje imperialista, polarización social e inestabilidad política.
El sindicalismo de clase debe contrarrestar la tendencia hacia el oscurantismo y la barbarie intensificando el internacionalismo proletario y buscando globalizar las luchas de la clase trabajadora.
Es nuestro deber condenar enérgicamente y luchar contra el genocidio en curso en la Franja de Gaza, señalando la complicidad de Estados Unidos en los crímenes cometidos por el régimen sionista en Israel, para defender el fin del conflicto entre Rusia y Ucrania, que libra una guerra de poder. guerra de EE.UU. y la OTAN, exigen el fin del criminal bloqueo contra Cuba, así como un nuevo orden mundial basado en el respeto al derecho a la autodeterminación de las naciones, la resolución negociada de los conflictos internacionales, el desarrollo soberano de las naciones y la lucha contra Hambre y pobreza en el mundo.
Los actuales estancamientos son producto del imperialismo, que debe ser destruido y superado.
En este camino, es imprescindible realizar un esfuerzo incansable y persistente para esclarecer y elevar el nivel de conciencia política de la clase trabajadora, denunciar y luchar con todas nuestras energías contra la derecha neofascista, estimular la revuelta contra la explotación capitalista y opresión.
Más que en cualquier otro período histórico, la humanidad se enfrenta hoy al dilema entre barbarie y socialismo.
El capitalismo ya no tiene nada positivo que ofrecer a la humanidad y se encamina rápidamente hacia la barbarie neofascista.
Es hora de reiterar y renovar la lucha por el socialismo, que es el mayor ideal de la clase trabajadora y la única salida progresista a la crisis que enfrentamos.
EM INGLÊS
It is time to reiterate and renew the fight for socialism
By Adilson Araújo, president of the CTB
We live in a historical moment fraught with serious risks and challenges for the working class and democratic and progressive forces around the world.
We are facing a general crisis of capitalism.
A crisis that is both economic and geopolitical. This latter aspect is evident in the breakdown of the US-led imperialist world order established after World War II, giving rise to a turbulent and unpredictable geopolitical transition process.
Today, the decline of the United States and the capitalist powers that make up the G7 is well known. Instead, one can observe the rise of China and the BRICS.
We are witnessing the explosion of contradictions characteristic of bourgeois political economy and, consequently, the intensification of class struggles, confrontations between capital and labor and, especially, international tensions and conflicts, which could lead the world to a Third World War, resulting in a nuclear catastrophe.
The already dire situation is aggravated by the environmental and climate crisis, which has also escalated to a reckless level.
In response to the crisis, the ruling classes, under the hegemony of the international financial oligarchy, launch a fierce offensive against the working class and the union movement. They impose, in almost the entire world, an agenda of destruction and flexibility of labor rights, making the labor market precarious and reducing the proportion of salaries in GDP.
Appropriated and manipulated by capitalists, increased labor productivity exacerbates the drama of unemployment, rather than resulting in a reduction in working hours. It also contributes to the precariousness of production relations and the intensification of the exploitation of the workforce, as seen on the platforms.
Contemporary slavery is gaining strength and, in our country, it has advanced through changes in labor legislation approved after the 2016 coup, which in essence, and also in the class analysis of political confrontations, was a coup by capital against work.
The ILO plans to add two million more workers to the global army of the unemployed this year.
According to estimates by Goldman Sachs economists, up to 300 million full-time jobs could be automated in some way thanks to the new wave of artificial intelligence that platforms like ChatGPT have generated.
The refugee crisis also continues. More than 3,700 people died last year desperately trying to reach a hostile and increasingly xenophobic Europe, mainly in shipwrecks in the Mediterranean Sea.
Asylum applications to the European Union (EU) increased by 18%, reaching 1.14 million in 2023, the highest level since the migration crisis between 2015 and 2016.
As a reflection of the movement of concentration and centralization of capital, the concentration of income is growing scandalously.
Two-thirds of all the new wealth generated in the world in the last two years was accumulated by 1% of the population. The data appears in the latest Oxfam report.
The fortune of the five richest men on the planet has more than doubled since 2020 (from $405 billion to $869 billion), while the poorest almost five billion people have become even poorer.
The intensification of international tensions and conflicts is accompanied by a dangerous arms race. Global military spending in 2023 was 9% higher than in 2022, reaching a total of $2.2 trillion, breaking a new record in an already rising trend, according to data published by the International Institute for Strategic Studies.
Driven by war, the death industry benefits and prospers more in this war scenario.
This reflects a change in priorities that highlights the bankruptcy of the imperialist world order hegemonized by the United States.
As President Lula considered, the money spent on wars could end world hunger.
“It is not possible that on a planet that produces enough food to feed the entire world population, around 735 million human beings have nothing to eat,” denounced the Brazilian president, who also firmly and courageously condemned the “genocide in the Gaza Strip”. ”, which, as he noted, affects “all of humanity because it questions our own sense of humanity and confirms once again the preferential option for military spending, over investments in the fight against hunger in Palestine, Africa, South America, South or the Caribbean.” ”
In this environment of geopolitical crisis and growing economic and social degradation, neofascism germinates and flourishes.
Translating the interests of the financial oligarchy, the extreme right advances in the world, and mainly on the European continent (spreading hatred and prejudice against immigrants) and America. Bolsonaro, in Brazil, and Milei, in Argentina, are two pathetic expressions of this phenomenon.
Organized internationally, neo-fascists deceptively present themselves as an anti-establishment force to win hearts and minds, when in reality their objective is to deepen and radicalize capitalist exploitation and impose a bloodthirsty, intolerant and xenophobic regime on the people. Latin America lives in a context of imperialist siege and espionage, social polarization and political instability.
Class unionism must counteract the tendency towards obscurantism and barbarism by intensifying proletarian internationalism and seeking to globalize the struggles of the working class.
It is our duty to strongly condemn and fight the ongoing genocide in the Gaza Strip, pointing out the complicity of the United States in the crimes committed by the Zionist regime in Israel, to advocate for an end to the conflict between Russia and Ukraine, which is waging a war of power. war of the US and NATO, demand the end of the criminal blockade against Cuba, as well as a new world order based on respect for the right to self-determination of nations, the negotiated resolution of international conflicts, the sovereign development of nations and the fight against hunger and poverty in the world.
The current stagnations are a product of imperialism, which must be destroyed and overcome.
On this path, it is essential to make a tireless and persistent effort to clarify and raise the level of political consciousness of the working class, to denounce and fight with all our energies against the neo-fascist right, to stimulate the revolt against capitalist exploitation and oppression.
More than in any other historical period, humanity today faces the dilemma between barbarism and socialism.
Capitalism no longer has anything positive to offer humanity and is rapidly heading towards neo-fascist barbarism.
It is time to reiterate and renew the fight for socialism, which is the greatest ideal of the working class and the only progressive solution to the crisis we face.