Ato antirracista reúne pessoas em apoio ao motoboy vítima de agressão e detido por militares no RS

Um ato antirracista e contra a violência reuniu centenas de pessoas na tarde deste domingo (18), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Organizado pelo Sindicato dos Motociclistas Profissionais do RS (Sindimoto), filiado à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o ato foi realizado em função da enorme repercussão gerada pela detenção do entregador Everton da Silva, homem negro que sofreu uma tentativa de homicídio enquanto trabalhava neste sábado (17). Como vítima, ao fazer a denúncia, ele foi algemado e detido pela Brigada Militar (BM).

Entenda o caso

O entregador Everton Goandete da Silva estava próximo onde se concentram trabalhadores que entregam refeições para bares e restaurantes da região, quando foi atacado por um homem com uma faca, que o feriu próximo ao pescoço. Chamada ao local, a BM deteve a vítima com truculência e conduziu cordialmente o agressor, como mostram inúmeras imagens que circulam pelas redes sociais desde o episódio. O entregador foi liberado ainda na tarde de sábado. Segundo o advogado Ramiro Goulart, foi registrado um Boletim de Ocorrência por lesões corporais contra o agressor, que ainda pode ser modificado, já que a delegacia responsável pelo caso deveria ser a 3ª DPE, na avenida Cristóvão Colombo.

A PM intimou Everton a depor nesta segunda-feira (19) como vítima da agressão ocorrida no sábado. Os conselhos Nacional e Estadual dos Direitos Humanos, os deputados Fernanda Melchionna (PSOL), Daiana Santos (PCdoB), Matheus Gomes (PSOL) e Laura Sito (PT) acompanharão a sindicância. Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, anunciou na manhã deste domingo (18) que o governo federal vai acompanhar o caso.


Manifestação do Sindmoto

“Realizamos o ato em razão da violência policial sofrida pelo colega Everton, um homem negro, vítima de uma tentativa de homicídio no sábado. Quando os militares ao local, renderam e prenderam violentamente, de forma racista, o nosso irmão Everton. O ato ocorreu através da mobilização redes sociais e contou com a presença de autoridades representativas, vereadores e vereadoras, deputados e deputadas, centrais sindicais, movimentos sociais e organizações do povo negro”, disse a diretoria do Sindmoto. 

Os manifestantes seguiram em marcha da redenção até o local onde ocorreu a agressão. Lá fizeram um ato simbólico e pacífico contra o racismo estrutural e institucional.

O ato exigiu a responsabilização pelos crimes praticados pelos militares que realizaram a prisão ilegal e absurda de Everton, já que ele não era o agressor, e sim a vítima. “Exigimos uma retratação pública do prefeito Sebastião Melo e de seu secretário de segurança pública (SSP), assim como do governador do Estado, Eduardo Leite e de seu SSP. A nossa categoria sofre violência militar todos os dias e precisamos superar essa realidade,” completou a direção do Sindimoto.

Ao longo da mobilização, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o prefeito Sebastião Melo (MDB) e o governador Eduardo Leite (PSDB), que manifestou apoio aos homens e mulheres, militares em publicação nas redes sociais.

Diretor do Sindimoto e entregador por aplicativo, Jean Clezar frisou que a luta contra a violência é de todos os pobres e trabalhadores. “É muito difícil a gente ir a Brasília, protestar contra os aplicativos [de delivery], quando o nosso agressor também está aqui do lado de casa. Nosso agressor talvez seja o Estado – não só as plataformas digitais, mas também o Estado, que precariza nosso trabalho. Que faz um negro ser morto”, falou Jean. Com informações: CTB-RS.

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