Nada mais simbólico do que Salvador sediar o 6° Congresso Nacional da Unegro (União de Negros e Negras Pela Igualdade). Afinal, foi na cidade mais negra fora da África e cidade mãe do Brasil que a entidade foi fundada em 1988. No hotel Real Classic, na Pituba, centenas de delegadas e delegados de todo o Brasil debatem, até domingo (10), um novo projeto de Brasil, abordando temas ligados ao racismo, educação, saúde, segurança pública, cultura, entre outros. Representou o governo da Bahia a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sempromi), Ângela Guimarães, que destacou as ações da pasta para combater o racismo. Pelo PCdoB, a deputada federal Alice Portugal reforçou o compromisso do partido com as causas defendidas pela Unegro e os movimentos de luta antirracista.
Presente na abertura, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) destacou a oportunidade de reunir militantes da Unegro para pensar os grandes desafios que a população negra enfrenta no Brasil. Para construir o novo, precisamos demolir o velho e suas estruturas. Para isso, precisamos subverter as estruturas políticas que causam as desigualdades econômicas, sociais e raciais no Brasil. Temos que combater a intolerância religiosa. Que este congresso nos fortaleça e aponte novas estratégias de luta”, afirmou, saudando o 20 de Novembro, definido pelo Congresso como feriado nacional.
Vários sindicalistas ligados à CTB participam do congresso, dando contribuições aos debates. “Nossa presença na Unegro ajuda a entidade a pensar e desenvolver ações de combate ao racismo no mundo do trabalho, que é um espaço reprodutor das desigualdades e preconceitos existentes na sociedade. Trazemos aqui reflexões de como podemos tratar o problema do racismo nas empresas. Podemos ver que mulheres e homens negros recebem menos que pessoas não negras, exercendo a mesma função, além de estarem mais presentes nas funções menos qualificadas. Nossa Central luta para mudar essa realidade”, enfatizou Jerônimo Silva Júnior, secretário de Combate ao Racismo da CTB Bahia.
O sindicalista estava ao lado de muitos dirigentes sindicais do Brasil: Nancy Andrade (Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe), Marcelo “Black” (Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro), Claudinei de Jesus (Sindicato dos Comerciários de Nossa Senhora do Socorro – SE), Terezinha Ferreira (Associação dos Servidores Técnicos-Administrativos da Universidade de Nova Viçosa), Raimunda Leone (CTB Rio de Janeiro), Maria Marli (Sindsaúde do Ceará), João Batista (Sindicatos dos Trabalhadores de Asseio e Conservação do Ceará), José Teles (Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho do Ceará) e Marco Aurélio (Sindicato dos Trabalhadores em Correios do Rio de Janeiro).
FALAS DE PRESIDENTES
A presidenta da Unegro na Bahia, Marina Duarte, destacou a necessidade de fortalecer a entidade. “Nossa organização é uma das mais importantes e respeitadas do Brasil por contribuir com reflexões e iniciativas que têm ajudado a construir políticas públicas para a promoção da igualdade. Esse congresso vai apontar os caminhos para vencermos os desafios atuais”, frisou.
Segundo o presidente Nacional da Unegro, Edson França, o Congresso fortalece o povo negro para enfrentar a batalha para a igualdade racial. “O ano que vem é um ano de eleição, é um ano de muito debate no país, é um ano que a gente vai discutir o Brasil a partir das bases. Vereador, prefeito, são as bases. Vamos debater isso, e apresentar nossa plataforma para influenciar as candidaturas e o debate político, ajudando a crescer o antirracismo no Brasil”, disse.