Para fechar as atividades do Novembro Negro, a Central dos Trabalhadores e Trablhadoras da Bahia (CTB) realizou um debate sobre racismo e mercado de trabalho. O evento aconteceu na noite desta quarta-feira (29), no Sindicato dos Bancários, com palestras de Ana Georgina Dias (economista e coordenadora técnica do Dieese) e de dra. Patrícia Lima (advogada e presidenta do Instituto do Trabalho Decente). O detabe foi transmitido por várias redes sociais e teve música e poesia com Milsoul Santos.
“É importante promover esses debates para preparar o movimento sindical em suas ações nas categorias. A CTB vai propor às demais centrais a criação de um fórum para tratar a questão racial no mercado de trabalho, relacionando o problema com o racismo estrutural na sociedade”, disse o secretário de Combate ao Racismo da Central, Jerônimo Silva Júnior.
A presidenta da CTB Bahia, Rosa de Souza, destacou que é preciso respeitar 55,7% da população brasileira composta por pessoas pretas ou pardas. “Temos que mudar essa realidade em que as mulheres negras ganhando 38,4% menos que mulheres não negras, e que os homens negros ganhando 40,2% menos que homens não negros. Nossa Central tem o compromisso de atuar com as entidades do movimento negro para mudar essas estatísticas”, afirmou.
Ana Georgina mostrou dados do estudo “Mercado de trabalho para a população negra na Bahia”, em dez anos, uma pesquisa realizada pelo Dieese, em parceria com o governo estadual, através das secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). “Fica claro que a escravidão e o racismo estruturaram as desigualdades nas relações sociais e econômicas no Brasil. O 14 de maio de 1888 mostrou que o governo não deu condições às pessoas que foram libertadas”, destacou.
Segundo Patrícia Lima, o Brasil mantém problemas históricos ainda no século 21. “Temos que entender o hoje observando a história e constatar que os avanços são lentos. A lei deu liberdade às pessoas escravizadas sem direitos e sem políticas de inclusão social. Essa luta por reparações ainda seguirá por muito tempo, exigindo maior ação dos movimentos sociais e dos sindicatos”, enfatizou.
MAIS CONTRIBUIÇÕES
Presente no evento, o vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB) reforçou a importância da celebração do 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra. “A Câmara Municipal estuda uma forma de transformar a data em feriado na cidade. Isso é importante para chamar atenção de todos sobre a história de Zumbi e de todos que lutaram por liberdade, além de promover reflexões sobre esse temas”, pontuou.
A ouvidora-geral da Defensoria Pública da Bahia, Naira Gomes, destacou o trabalho da instituição no combate ao racismo. “Procuramos falar com todos e ouvir muitos para dar voz e vez a quem mais precisa. Preparamos um plano para ampliar o acesso a emprego e renda para jovens negros, através da cultura”, destacou.
Secretária de Combate ao Racismo da CUT, Ana Carla ressaltou a potência intelectual da população negra para refletir sobre essa realidade e apontar os caminhos. “Temos que inverter essa lógica de sermos maioria nos espaços ruins e minoria nos espaços de poder. Não podemos aceitar ser maioria minorizada. Com racismo não há democracia”, exclamou.
Informações: CTB-BA.