Na noite de quarta-feira o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central decidiu reduzir em meio ponto percentual a taxa básica de juros, Selic, que ficou em 12,75%. Embora a deliberação seja em resposta ao clamor nacional e à mobilização social pela mudança da política monetária, os juros reais continuam em patamares intoleravelmente altos e constituem um grande obstáculo ao crescimento da economia, que dá sinal de desaceleração enquanto os preços estão contidos.
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom sinalizou a pretensão de preservar no caminho conservador, promovendo novas rodadas de reduções mas sempre de apenas meio ponto percentual, sob o pretexto de que o cenário “exige serenidade”.
“Isto não corresponde às necessidades de desenvolvimento do país”, afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo, lembrando que os juros altos deprimem o consumo e os investimentos, condenando o país à estagnação, além de impactarem negativamente as contas públicas, restringindo as despesas com saúde, educação, ciência, infraestrutura, entre outras.
Impõe-se através dos juros altos uma perversa transferência da renda da maioria da sociedade para o sistema financeiro. Rentistas ociosos, ricos e poderosos, acumulam uma fabulosa riqueza saqueando os cofres públicos, bem como trabalhadores e empresários do setor produtivo por meio da agiotagem institucionalizada
A persistência no rumo conservador, apesar das críticas generalizadas em amplos setores da sociedade, parece justificar a suspeita de que o objetivo do bolsonarista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, é sabotar a economia brasileira para impedir o êxito do governo Lula e viabilizar o retorno da extrema direita e a restauração do neoliberalismo.
“Não vamos ficar parados”, afirmou o presidente da CTB. “Temos de continuar pressionando, conscientizar as bases sobre o que está em jogo e mobilizar a sociedade pela queda substancial dos juros e a queda de Campos Neto”.