Termômetro da luta de classes no plano econômico, o número de greves no primeiro semestre deste ano, registradas pelo Dieese, chegou a 558. Foram cerca de 20 mil horas paradas. Os trabalhadores do funcionalismo público promoveram mais da metade (58%) dessas mobilizações – o que correspondeu a 65% das horas paradas, em contraste com 27% na esfera privada, 4,5% nas empresas estatais e 3,3% conjuntamente nas esferas pública e privada.
Para cada greve, o conjunto das reivindicações dos trabalhadores foi examinado e classificado pelo Dieese. Greves que propõem novas conquistas ou ampliação das já asseguradas são consideradas de caráter propositivo. As greves denominadas defensivas caracterizam-se pela defesa de condições de trabalho, saúde e segurança. Também se posicionam contra o descumprimento de direitos estabelecidos em acordo, convenção coletiva ou legislação.
Por fim, paralisações por reivindicações que ultrapassam o âmbito das relações econômicas são classificadas como greves em protesto. Há também ações em apoio a greves de trabalhadores de outra categoria, conhecidas como greves em solidariedade.
É importante assinalar que as greves de caráter defensivo, ou seja, para impedir ou reverter retrocessos, estavam na pauta de reivindicações de 80% das categorias envolvidas nas paralisações e a maior parte (55%) referia-se à denúncia de descumprimento de direitos. Questões salariais, como reajuste (42%) e pagamento do piso (33%), foram as mais frequentes. Itens relacionados às condições de trabalho (22%) e ao pagamento de salários em atraso (20%) vieram em seguida.
Das 239 greves registradas entre os funcionários públicos municipais (mais da metade do total), 151 foram deflagradas por professores e técnico-administrativos, na educação infantil e no ensino fundamental; 31 na saúde, principalmente por profissionais de enfermagem; e duas por guardas civis.
Numa prova de que a greve é um instrumento poderoso na luta secular pelos direitos da classe trabalhadora, segundo o levantamento do Dieese, em quase dois terços dos movimentos (65%), “houve algum êxito no atendimento das reivindicações”.