Quase 60% dos trabalhadores de aplicativo relatam ter sofrido acidente de trânsito, assalto, tiro ou agressão durante o trabalho. A revelação foi feita pelo estudo Caminhos do Trabalho 2023, feito pelo Fundacentro, do Ministério do Trabalho, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e divulgado nesta semana.
De acordo com a pesquisa, o dimensionamento dos acidentes e doenças relacionados ao trabalho no Brasil é um grande desafio, especialmente por conta da ocultação das ocorrências pelas empresas. Os dados da pesquisa mostram que dos entregadores entrevistados 25% sofreram acidentes, 18% sofreram racismo ou violência de gênero e 8% foram assaltados nos últimos três meses durante a jornada de trabalho.
Entre os motoristas, 15% afirmaram terem se acidentado, 14% foram vítimas de racismo ou violência de gênero e 9% assaltados no mesmo período.
O relatório também revelou que, em média, os entrevistados trabalham 6,4 dias por semana. Mais de 55% trabalham sete dias por semana, ou seja, de domingo a domingo. E quase 60% passam mais de 10 horas do dia trabalhando. A pesquisa ainda mostrou que a média de salário da categoria é de de R$ 2.579.
“Portanto, essas ocupações normalmente não são “bicos” e as pessoas a elas dedicadas não tendem a trabalhar para muitas empresas simultaneamente. Tratam-se de empregos como outros quaisquer, todavia, mais arriscados e precários”, concluem os pesquisadores.
A pesquisa ouviu 160 pessoas com média de idade de 35 anos, 96,9% homens, 93.2% pretos ou pardos, 72% com ensino médio completo, 81,8% de Salvador, entre março de 2021 e junho de 2023.
O relatório conclui que é necessário investir em melhores condições de trabalho para a categoria. “A saúde e a segurança do trabalho estão imbrincadas a todos os aspectos das relações laborais. Por isso, não se reduz consistentemente a acidentalidade e o adoecimento dos trabalhadores sem melhorar suas condições de remuneração, limitar jornadas e garantir descansos, adotar formas contratuais e de organização do trabalho que eliminem ou reduzam os riscos das atividades”, diz.