Um dos grandes debates na 7ª conferência da cidade de Belém foi o tema do transporte urbano e mobilidade. Os sindicatos de rodoviários de Belém, dos rodoviários de turismo e de carga estiveram presentes e participaram dos debates e resoluções.
Foi verificada a situação caótica do transporte em nossa cidade, baseada em veículos antigos, sem adequada manutenção, sem respeito às normas de acessibilidade, por causa da situação de até 80% da frota dos ônibus sem o funcionamento das rampas de acesso aos PCD’s.
São veículos que não permitem o mínimo conforto, com bancos sujos e quebrados, e sem ar-condicionado.
Um sistema que não se moderniza com disponibilidade de acesso Wi-Fi, realidade nas melhores metrópoles do país.
Foi apontada a necessidade de melhorias, inclusive com a disponibilidade aos usuários do sistema já existente para uso das empresas, se verificação on line, por GPS, a localização do ônibus e o tempo para chegada nas paradas, o que permitiria maior conforto e segurança aos passageiros.
No sistema de transporte de cargas foi apontado a necessidade de criação de espaços adequados para carga e descarga na cidade de Belém. O estado atual leva a um serviço desgastante aos trabalhadores e demora nos serviços, aliado ao caos que provoca no trânsito, principalmente na área central da cidade.
Um dos principais pontos foi de questionar o foco do sistema de transporte em Belém que atualmente é totalmente para atender os interesses dos empresários, deixando os trabalhadores e os usuários em segundo e terceiro plano.
As linhas disponíveis mais atendem os moradores de bairros e ruas periféricas, obrigando a maiores dificuldades dos usuários ao transporte coletivo, tendo que conviver com as inseguranças das ruas, com a má iluminação e calçamento ruim ou inexistente.
Foi apontado a necessidade de rever essa condição, com a implantação de sistema público coletivo de transporte urbano, através de empresa municipal, com definição de normas de qualidade dos veículos, definição das rotas nas periferias, distritos e ilhas e integradas às linhas centrais, incluindo a intermodalidade com o transporte fluvial e de ciclovias.
Foi verificado o interesse do setor empresarial em eliminar do sistema de transporte o cobrador, sem considerar o aspecto de segurança no trânsito deixando os motoristas para executar a dupla função de direção e cobrar passagens. E esquecendo o papel dos cobradores na organização das pessoas dentro dos veículos e nas informações aos usuários. Além do aspecto social de milhares de trabalhadores que ficarão desempregados.
Um sistema de transporte coletivo, sem cobrança de passagens, permite que sejam retirados do sistema os cobradores, sem trazer a dupla função ao motorista. Precisaria que esses trabalhadores fossem qualificados e alocados em outras atividades, internas, inclusive no setor do transporte público ou mesmo capacitados para realizarem outras funções.
O que é inadmissível é se eliminar milhares de postos de trabalho, sem verificar o impacto no sistema de transporte e no impacto social.
No formato atual empresas de ônibus demitem trabalhadores, reduzem o número de veículos nas rotas ou horários menos rentáveis, sem se preocupar com os usuários. Evitam o investimento em melhoria, na manutenção e até na higiene dos veículos, resultando em ambiente adoecedor do usuário e do trabalhador.
A próxima realização da COP30 em Belém, em 2025, exige que não se perca tempo nessas mudanças necessárias no sistema de transporte. A COP30 é o maior evento mundial para debate e definição de medidas climáticas, que ocorrerá pela primeira vez no Brasil, trazendo lideranças dos diversos países para tratar da situação ambiental no mundo. E nossa cidade precisa se preparar para recepcionar esse evento.
O presidente do Sindicato dos trabalhadores Rodoviários de Belém- SINTREBEL Altair Brandão afirmar sua disposição em participar desse debate e da busca de medidas necessárias de mudanças. Inclusive colocando à disposição para parcerias com o setor privado e estatal, seu Centro de Formação dos Rodoviários para realização da qualificação dos trabalhadores do sistema, em temas fundamentais como aprendizado de línguas, noções de turismo e relações humanas.
O vice-presidente Ewerton Paixão esclarece que as empresas precisam, também, participar desse esforço, liberando – por exemplo – os trabalhadores para realizarem os cursos de qualificação. Hoje, diz Ewerton, as empresas querem que os trabalhadores participem de cursos após a exaustiva jornada de trabalho, não compreendem que essa qualificação seja de interesse da empresa e do sistema.
O diretor Fabiano Pereira diz que de 2019 havia 2400 veículos rodoviários em Belém e hoje não chega a 1.000. A nossa frota atual é composta de veículos velhos, com cerca de 20 anos, sem manutenção adequada.
Informações: Assessoria de comunicação da Federação dos Rodoviários do Pará
Fotos da COMuS – PMB Belém