Todos somos a favor da estabilidade monetária, porque é uma condição para o desenvolvimento de longo prazo no Brasil. Mas, a atual taxa de juros do Banco Central, a pretexto de controlar o risco inflacionário, tem significado um impeditivo à retomada da nossa economia.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 71% das empresas do setor apontam a Selic de 13,75% como a principal barreira de acesso ao crédito de curto e médio prazo. Ainda segundo a CNI, 25% das empresas condenam as exigências de garantias reais e 16% disseram que faltam linhas de crédito adequadas. Para piorar, 47% das empresas desistiram de contratar ou renovar financiamentos de curto ou médio prazo por causa das dificuldades.
Como sabemos, entre as consequências dessa política de juros altos estão a inibição do crescimento nos níveis que necessitamos, o desemprego que afeta milhões de brasileiros e o impacto significativo nas despesas financeiras do governo.
Também é ruim para as famílias. Quando um financiamento fica mais caro, o produto também encarece, reduzindo a capacidade de compra das pessoas. Com menor consumo e vendas reduzidas, a indústria produz menos e serviços deixam de ser contratados. Só é bom para uma minoria de especuladores do mercado financeiro, que buscam o lucro alto e rápido, como é o caso de quem opera na compra e venda de títulos públicos do governo federal, CDBs emitidos pelos bancos, letras de crédito, debêntures outros tipos de investimentos.
Mas não é contraditória essa alta taxa de juros diante do crescimento do PIB maior do que o previsto pelos analistas e da inflação que está sob controle? E diante da nova regra fiscal que avança no Congresso, assim como a reforma tributária que vai se desenhando com boas perspectivas de ser aprovada? Diversos analistas econômicos consideram que o Banco Central já deveria ter feito a redução há mais tempo, desde o início do ano, e nada justifica que o Brasil seja o país com a maior taxa real de juros do mundo. A Selic não pode seguir