Antônio Lopes é o primeiro negro na direção da Faculdade de Medicina da Ufba

O primeiro professor negro a concorrer ao cargo de diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMB/Ufba), em 215 anos de história, foi eleito. Antônio Alberto Lopes obteve a maioria dos votos dos alunos, docentes e servidores da universidade na noite de quinta-feira (25). Com ele, também concorria na Chapa 1 o professor Eduardo Reis, candidato a vice-diretor. 

Em conversa com o CORREIO, o professor Eduardo Reis, agora vice-diretor da Faculdade de Medicina, falou da emoção de fazer parte da chapa que elegeu o primeiro homem negro para a diretoria da instituição. 

“Foi a coisa mais bonita e histórica. É o primeiro diretor negro da Faculdade de Medicina. Nunca houve essa possibilidade antes. Enfrentamos questões difíceis ao longo dessa campanha como racismo, homofobia e intolerância. Foi muito difícil, mas a democracia e o combate ao racismo venceram”, disse emocionado durante a festa de comemoração.

Antônio Alberto Lopes ingressou como professor da Faculdade de Medicina em 1980 e é membro da Academia de Medicina da Bahia. Atualmente, é professor titular do departamento de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico da UFBA. Eduardo Reis é docente da universidade desde 1998. 

Racismo
O que era para ser uma disputa saudável, entretanto, ganhou contornos agressivos e denúncias de racismo foram feitas à ouvidoria da universidade. No decorrer da campanha eleitoral, que teve início em 28 de abril, o professor Antônio Lopes foi alvo de ataques racistas, o que gerou denúncias à ouvidoria da universidade. A reportagem teve acesso a prints de grupos de mensagens em que alunos da graduação colocam em dúvida a sanidade mental do professor e do candidato a vice, Eduardo Reis. 

Ao menos dois e-mails foram remetidos às turmas de Medicina por uma pessoa que se intitula como “Voz do Deserto”. Em uma das mensagens, há uma ilustração de cunho racista, que critica a presença de pessoas negras na Faculdade de Medicina. O autor das mensagens também se refere ao professor Antônio Lopes como Dr. Caramujo, personagem do Sítio do Pica-pau Amarelo. 

Ao tomar conhecimento do conteúdo das mensagens, o professor Eduardo Reis realizou uma denúncia junto à ouvidoria. “Identificamos que havia racismo no material e enviamos à instância superior da universidade para que medidas possam ser tomadas”, disse. A Faculdade de Medicina e a Universidade Federal da Bahia foram procuradas, mas não se manifestaram sobre o ocorrido. 

Informações: Correio 24 horas