Todo Caveirão tem um pouco de Navio Negreiro
Há 135 anos atrás, um decreto da Princesa Regente, Isabel, a Lei Áurea, decretava extinta a escravidão no Brasil. Um decreto que tem, obviamente, uma importância e significado histórico, mas que por si só, em termos práticos, consistiu numa abolição incompleta. O ato de “generosidade” da princesa branca não reflete o que foi a luta abolicionista e nem garantiu dignidade aos negros libertos.
A lei Áurea libertou cerca de 700 mil escravos que ainda existiam no Brasil em 1888 e proibiu a escravidão no país, no entanto não foi acompanhada de medidas de integração e garantia de direitos para os negros libertos na sociedade brasileira. Depois da lei Áurea, o Estado abandonou os negros e negras à mercê da própria sorte, sem teto para viver, sem ter o que comer, forçando-os a subir os morros, originando as favelas e não os incluindo em um projeto de nação. O dia seguinte à abolição não foi de festa, foi de luta. Lua pela sobrevivência.
E hoje o que temos ainda é essa luta! É nas favelas que o caveirão enviado pelo Estado leva o terror e o medo para a população negra. São os negros que são confundidos por reconhecimento fotográfico e encarcerados em massa por um sistema judiciário extremamente racista, por uma polícia assassina, e por um estado com a marca da omissão em suas pautas!
Nesse 13 de maio, a CTB ergue os punhos com o movimento negro e saúda os verdadeiros heróis da luta abolicionista. Saúda Luís Gama, ex-escravo que virou advogado e libertou mais de 500 negros e dedicou a vida para lutar pelo abolicionismo! Saúda André Rebouças, o engenheiro que defendeu doação de terra aos libertos! Saúda Adelina, a charuteira espiã que atuava os movimentos abolicionistas do Maranhão. Saúda Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, e toda luta abolicionista do Ceará!
Artigo: CTB-RJ