A morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, nesta segunda-feira (27), após o ataque de um estudante de 13 anos que deixou outras quatro pessoas feridas na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, na capital paulista, é fruto do “abandono da educação pública” em São Paulo. A avaliação é da secretária adjunta de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Francisca Pereira da Rocha Seixas, que lamentou o episódio.
“A violência dentro das escolas paulistas não vem de hoje. E as professoras e professores são as maiores vítimas. Isso acontece porque a educação pública no estado de São Paulo está abandonada, e faz tempo. Faltam funcionárias e funcionários, faltam professoras e professores, falta estrutura para as escolas, porque o estado mais rico da nação não investe em educação pública como a população necessita. Além disso, o governo paulista não faz concurso desde 2013, acarretando uma enorme precarização do trabalho com contratação de os chamados ‘temporários’ e de terceirizados”, lamentou a dirigente cetebista, que também é diretora da Secretaria de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp).
Na manhã desta terça (28), estudantes e colegas da vítima fizeram uma vigília em frente à unidade, em solidariedade à família da professora e à comunidade, e para exigir centros de ensino sem violência. O grupo pede uma audiência pública com o secretário de Educação, Ricardo Feder, e o governador do Estado para debater a situação das escolas e dos estudantes paulistas.
De acordo com a Professora Francisca, é necessário investir nas escolas públicas para melhorar as condições de trabalho e de estudo. “Necessitamos da volta do programa de mediação, criado em 2009, quando existia um professor designado para mediar os conflitos existentes no ambiente escolar. Esse programa foi abandonado pelo governo do estado e precisa ser retomado imediatamente”, salientou.
A educadora também defende “um amplo trabalho de combate à violência e ao armamento dos espíritos”. “Esse debate deve envolver toda a sociedade. A comunidade escolar precisa participar das decisões da escola, mães e pais devem participar ativamente da vida escolar de seus filhos e todo mundo precisa valorizar a escola como um meio importante para a melhoria de vida das pessoas, principalmente dos setores vulneráveis da sociedade. Um local de aprendizado e troca de saberes”, destacou. “No ambiente escolar deve prevalecer o respeito a todos os setores da vida escolar. Professoras, professores, funcionários e estudantes devem estar em segurança e voltar para suas casas em paz. O combate à violência exige um esforço de toda a sociedade. Valorizar a escola é fundamental para qualquer civilização”, completou Francisca.
A segunda professora atacada, Rita de Cássia, teve alta médica após levar 30 pontos no ferimento causado pelo aluno e afirmou estar preocupada com a saúde mental de colegas e estudantes.
O agressor, um adolescente do oitavo ano na escola, foi desarmado por profissionais da unidade, apreendido por policiais, levado para o 34° DP, onde o caso foi registrado, e depois para o Centro de Integração Inicial da Fundação Casa. Em audiência na Vara de Infância e Juventude, nesta terça (28), ele confessou ter planejado o crime há dois anos, inspirado nos massacres de Suzano, na Grande São Paulo, em 2019, e de Columbine, nos Estados Unidos, em 1999, e não demostrou arrependimento.