Após o resgate de 207 pessoas em situação análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves, a Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais no Rio Grande do Sul (Fetar-RS), filiada à CTB, fará uma mobilização nesta sexta-feira (10), em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). O ato será realizado a partir das 10h, na Avenida Mauá, 1013, no Centro Histórico de Porto Alegre.
De acordo com a entidade, o objetivo é “impedir qualquer tipo de trabalho análogo à escravidão e, ao mesmo tempo, alertar o governo federal sobre os motivos que facilitam a existência de atravessadores de mão de obra, também conhecidos por gatos, responsáveis por recrutar, maltratar, iludir e humilhar pessoas em condições análogas à escravidão. “A manifestação reflete a indignação de uma categoria, que só no estado contabiliza cerca de 200 mil trabalhadores rurais”.
Levantamento divulgado pela Fetar-RS, com base nos dados oficiais da Secretaria de Inspeção do Trabalho, aponta que, somente este ano, já foram registrados mais de 200 casos de trabalho em condições análogas à escravidão no território gaúcho. Ao todo, 570 pessoas foram resgatada em situação análoga à escravidão até 2022.
Conforme o presidente Nelson Wild, três motivos favorecem a proliferação de pseudoempresários: “O desmantelamento da fiscalização por auditores do trabalho como consequência direta do fim do Ministério do Trabalho no governo Bolsonaro. A reforma trabalhista no governo Michel Temer, que flexibilizou a legislação, propiciando a terceirização em atividades-fim no mercado de trabalho. A falta de concurso público para auditores, responsáveis por realizar a fiscalização no meio rural”.
No envento, a Fetar-RS e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados Rurais (Contar) entregarão um documento ao superintendente regional do Trabalho, Getúlio de Figueiredo Silva Júnior, com todas as preocupações e reivindicações da categoria, entre elas a imediata abertura de concurso público para auditores.