Um dia após o Ministério Público Federal (MPF) oferecer denúncia contra a mineradora Vale S/A, a empresa alemã Tüv Süd e 16 pessoas, a Justiça Federal aceitou a acusação, tornando todas elas responsáveis pela morte de 272 pessoas em consequência do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. Com a aceitação da denúncia, os crimes não correm mais o risco de prescreverem. Amanhã o crime completa quatro anos. Três pessoas ainda continuam desaparecidas e seguem os trabalhos de localização de seus restos mortais.
As 16 pessoas físicas foram denunciadas por homicídio qualificado, crimes contra a fauna, flora e crime de poluição. As empresas Vale S.A. e Tüv Süd Bureau de Projetos e Consultoria Ltda. são denunciadas por crimes contra a fauna, a flora e de poluição.
Denunciados
Foram denunciadas pelo MPF as empresas Vale S/A e a alemã Tüv Süd. Entre as pessoas físicas da Vale S/A foram denunciados Fábio Schvartsman (diretor-presidente), Silmar Magalhães Silva (diretor do Corredor Sudeste), Lúcio Flávio Gallon Cavalli (diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão), Joaquim Pedro de Toledo (gerente-executivo de Planejamento, Programação e Gestão do Corredor Sudeste), Alexandre de Paula Campanha (gerente-executivo de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina), Renzo Albieri Guimarães de Carvalho (gerente operacional de Geotecnia do Corredor Sudeste), Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo (gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas), César Augusto Paulino Grandchamp (especialista técnico em Geotecnia do Corredor Sudeste), Cristina Heloíza da Silva Malheiros (engenheira sênior junto à Gerência de Geotecnia Operacional), Washington Pirete da Silva (engenheiro especialista da Gerência Executiva de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina) e Felipe Figueiredo Rocha (engenheiro civil, atuava na Gerência de Gestão de Estruturas Geotécnicas).
Pela empresa alemã foram denunciados Chris-Peter Meier (gerente-geral da empresa), Arsênio Negro Júnior (consultor técnico), André Jum Yassuda (consultor técnico), Makoto Namba (coordenador) e Marlísio Oliveira Cecílio Júnior (especialista técnico).
Identificação
A Polícia Civil segue no trabalho de análise de 36 exames que podem identificar as três vítimas ainda não localizadas. Os exames são realizados no Instituto Médico Legal (IML) e não há prazo para a conclusão do trabalho. Já foram identificadas 267 vítimas, dentre as quais uma grávida de gêmeos. Conforme a diretora do IML, Naray Paulino, o trabalho vai continuar enquanto as buscas do Corpo de Bombeiros estiverem sendo feitas. “É um trabalho expoente no mundo. Localizamos 1004 segmentos, entre corpos e segmentos, desses, identificamos 263 pessoas. Foram cerca de 400 processos de reidentificação e ainda há 36 em análise”, disse.