“Um novo amanhã está surgindo no Brasil”, anunciou o presidente eleito
Centenas de milhares de brasileiros e brasileiras ocuparam ruas e avenidas das capitais e várias cidades do país na noite de domingo para festejar a eleição de Lula e a derrota do líder da extrema direita, Jair Bolsonaro. Foi uma vitória gigante do povo brasileiro, ainda que por uma margem estreita, 50,9% a 49,1%, no que foi considerado o pleito presidencial mais polarizado da nossa história.
Conforme assinalou o presidente Lula a democracia venceu o fascismo, o amor superou o ódio, a esperança suplantou o medo e a verdade prevaleceu sobre a mentira.
Não foi uma eleição normal.
“Enfrentei a máquina do Estado”
“Eu não enfrentei um adversário, eu enfrentei uma máquina do estado que foi colocada à disposição do meu adversário”, lembrou o líder petista, que com mais de 60 milhões de votos (60.345.999) tornou-se também o presidente que obteve o maior número de votos na história brasileira.
O chefe do neofascismo brasileiro atropelou a lei, aumentou o valor do Auxílio Brasil, distribui dinheiro público para caminhoneiros e taxistas, reduziu artificialmente os preços dos combustíveis e no domingo mobilizou a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal para dificultar ou impedir que eleitores de Lula comparecessem aos locais de votação, numa derradeira tentativa fracassada de tumultuar o segundo turno e melar a eleição.
Ao longo da campanha foi se configurando uma ampla frente democrática em torno de Lula contra as recorrentes ameaças golpistas vomitadas por Bolsonaro. Esta foi uma razão pela qual o presidente eleito no domingo sublinhou em seu discurso na Avenida Paulista, em São Paulo, onde foi aclamado por uma multidão estimada em cerca de 1 milhão de pessoas, que “esta não é uma vitória minha, e nem do PT, nem dos meus partidos que me acompanham, é uma vitória do povo brasileiro e da democracia”.
“Queria dizer para vocês que essa não é uma vitória minha, não é uma vitória só do PT. Essa foi uma vitória de todas as mulheres e homens que amam a democracia, que querem liberdade, que querem um país mais justo. Essa foi a vitória das pessoas que querem mais cultura, que querem mais educação, que querem mais fraternidade, mais igualdade. Essa vitória é de todos os homens e mulheres que resolveram libertar esse país do autoritarismo”, afirmou.
Combate à fome
Lula reiterou os compromissos que assumiu durante a campanha com o povo brasileiro, disse que vai priorizar o combate à fome e às desigualdades, a restauração da democracia, a valorização do salário mínimo, bem como a defesa do meio ambiente, dos povos originários, o fortalecimento das empresas públicas e o aumento dos investimentos do Estado.
Já o atual ocupante do Palácio do Planalto mergulhou em um profundo silêncio após o pronunciamento das urnas. Até o início da tarde desta segunda-feira (31) ainda não havia reconhecido a derrota e não será de se estranhar que venha a contestar os resultados, insultar o TSE e disparar Fake News contra as urnas eletrônicas.
Derrotado e isolado
Mas a verdade é que, embora a extrema direita e o bolsonarismo tenham demonstrado força, Jair Bolsonaro saiu do pleito derrotado e não está encontrando eco para suas pregações golpistas nem dentro nem muito menos fora do país. Seus aliados do Centrão, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o governador eleito de São Paulo, Tarcisio Freitas, já reconheceram a vitória e parabenizaram Lula.
Alguns ruralistas e caminhoneiros inconformados com a derrota do “mito” neofascista protestaram bloqueando rodovias, mas o golpismo parece isolado. As multidões que afluíram às ruas no domingo expressaram um vigoroso apoio à democracia.
Os presidentes das duas maiores potências mundiais, Xi Jinping, da China, e Joe Biden, dos EUA, já cumprimentaram Lula. A pressa desses dirigentes tem um propósito maior: conter os impulsos do golpista Bolsonaro. A história, por sinal, não registra ocorrência de golpe bem sucedido na América Latina sem a valiosa contribuição dos Estados Unidos.
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da França, Macron, também se apressaram a reconhecer o resultado das urnas e enviar mensagens de congratulações ao líder petista, gesto seguido por líderes de Portugal, Espanha, União Europeia, Canadá, México, Colômbia, Cuba, Nicarágua, Venezuela, Argentina, Bolívia Chile e diversos outros países da América Latina e de todo o mundo.
Sob Bolsonaro, o Brasil virou um pária no mundo. Lula disse que com sua vitória “o Brasil está de volta ao mundo” e revelou que a recuperação da credibilidade e do prestígio do nosso país no mundo será uma das prioridades do seu governo.
Fotos: Ricardo Stuckert