Pressentindo que os atos criminosos cometidos pelo seu fiel escudeiro Roberto Jefferson podem sepultar de vez seu projeto de reeleição o líder do neofascismo brasileiro, Jair Bolsonaro, tratou de camuflar as relações íntimas que mantinha com o presidente do PTB e ainda por cima tentou jogar o aliado tresloucado, que deixou dois policiais feridos, no colo de Lula. Mentiroso compulsivo, chegou a dizer que nem foto ao lado do meliante ele tinha.
Não tardou para ser desmentido por internautas que postaram nas redes sociais diversas fotos registrando encontros festivos entre ambos. Com medo de perder votos, o chefe do Palácio do Planalto não só renegou o aliado como o chamou de “bandido”. Mas, por mais que o mito da extrema direita recorra ao seu infinito arsenal de mentiras para mascarar a realidade, a verdade é que a forma com que o líder petebista reagiu à PF é mais um ato da violência estimulada pelo bolsonarismo, que por sinal já se transformou em marca registrada da campanha do atual presidente, ao lado das Fake News e do uso descarado e ilegal do Poder Executivo.
Mais um jornalista agredido por bolsonaristas
Jefferson foi indiciado por quatro tentativas de assassinato contra os policiais. Antes de cometer tais crimes ele chamou a ministra Carmen lúcia, do STF, de “bruxa” e “prostituta arrobada”. Seu gesto tresloucado não é um acontecimento isolado, descolado da disputa presidencial. Na mesma manhã do domingo (23) em que ele resistiu à prisão disparando mais de 20 tiros de fuzil e lançando duas granadas contra policiais federais, o repórter cinematográfico Rogério de Paula, da InterTV, afiliada da Rede Globo, foi agredido por bolsonaristas apoiadores do petebista diante de sua residência, em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro.
O trabalhador, agredido durante o exercício de sua profissão, foi encaminhado para um hospital da região, onde passou por exames. A câmera atingiu a cabeça do jornalista, exatamente na região em que ele passou por uma cirurgia neurológica recentemente. O profissional vai registrar boletim de ocorrência. A violência contra jornalistas é obviamente estimulada pelo atual presidente, que já protagonizou várias agressões contra integrantes da categoria, principalmente mulheres, apesar de alardear com a cara limpa que defende a liberdade de imprensa.
O ex-presidente Lula não perdoou o rival, que age como se a nação brasileira fosse composta por um bando de idiotas. “O cidadão não pode achar que o Brasil é composto por 215 milhões de imbecis. Ele só pode pensar isso, porque a desfaçatez com que ele despreza um aliado de todas as horas, que esteve com ele nas eleições, um aliado que esteve com ele ofendendo a Suprema Corte, ofendendo a Justiça Eleitoral, e de repente ele [Bolsonaro] fala que não conhece, chama o rapaz de bandido, um cara que é um aliado dele”, afirmou o líder petista.
“É um mentiroso compulsivo que não tem controle. A sociedade tem uma chance no dia 30 de outubro, que é tentar restabelecer a normalidade neste país. Um presidente que discuta os assuntos que são pertinentes à sociedade”, acrescentou.
Presidente é o principal agressor
Com Bolsonaro no governo, há três vezes mais agressões a jornalistas do que havia antes, conforme denunciam as entidades representativas da categoria (leia nota reproduzida no final desta matéria). É mais do que um caso por dia. Desde que chegou ao poder, o presidente é o principal agressor: em 2021, Bolsonaro realizou 147 agressões a jornalistas, 34% do total nacional.
Após a ascensão do capitão neofascista ao Palácio do Planalto políticos e militantes com espírito nazista passaram a expressar de forma mais descarada e rotineira seus instintos assassinos e antissociais. Na noite do dia 9 de junho o policial penal Jorge Guaranho, um bolsonarista fanático, invadiu uma festa para matar o guarda municipal Marcelo Arruda, que comemorava o aniversário de 50 anos com motivos alusivos ao PT em Foz do Iguaçu (PR).
Na noite de 7 de setembro, o bolsonarista Rafael Silva de Oliveira matou a facadas Benedito Cardoso dos Santos na zona rural de Confresa (MT). Em depoimento, ele confessou que o crime foi motivado por uma discussão sobre política. No dia 31 de agosto, um policial militar atirou em um fiel durante um culto na igreja da CCB (Congregação Cristã do Brasil) em Goiânia por causa de uma divergência política. O atirador era apoiador do atual presidente.
Em Cascavel (CE), um bolsonarista matou um eleitor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com uma facada após entrar em um bar questionando quem votaria no petista, segundo testemunhas. Dias atrás, o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) afirmou, em vídeo publicado nas suas redes sociais, que alunos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) merecem ser “queimados vivos” depois de um ato dos estudantes contra Bolsonaro e a favor de Lula.
Também configuram violência na campanha e crime eleitoral o infame assédio patronal ao trabalhador para votar no candidato fascista. O Ministério Público do Trabalho (MPT) já recebeu mais de mil denúncias deste tipo de assédio em que geralmente o patrão ameaça de demissão o empregado ou empregada que tem a intenção de votar em Lula. É preciso notar que não há um só caso de assédio para obrigar o peão a votar no candidato petista, que é alvo do ódio de classes da burguesia em função de sua origem operária.
Embora em prisão domiciliar, o “bandido” bolsonarista que foi abandonado e desprezado pelo chefe estava fortemente armado, conforme revela o vídeo abaixo produzido pela Polícia Federal
Leia a nota de repúdio à violência contra cinegrafista assinada conjuntamente pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos dos Jornalistas do Rio de Janeiro e do Estado do Rio:
O repórter cinematográfico Rogério de Paula, da InterTV, afiliada da Rede Globo, foi agredido por apoiadores de Roberto Jefferson, neste domingo (23/10), em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, onde o político resistia à ordem de prisão, após atirar contra dois policiais federais.
Rogério foi encaminhado para um hospital da região, onde passou por exames. A câmera atingiu a cabeça do jornalista, exatamente na região em que ele passou por uma cirurgia neurológica recentemente. O profissional vai registrar boletim de ocorrência.
Não podemos naturalizar e nem aceitar essa situação. Desde 2019, houve uma explosão da violência contra a categoria, a partir da chegada ao poder da extrema-direita. Passamos de 135 agressões, em 2018, para 430 em 2021.
Com Jair Bolsonaro no governo, há três vezes mais agressões a jornalistas do que havia antes. É mais do que um caso por dia. Desde que chegou ao poder, o presidente é o principal agressor: em 2021, Bolsonaro realizou 147 agressões a jornalistas, 34% do total nacional.
Somando as agressões cometidas por seus apoiadores, filhos políticos e membros do governo, o bolsonarismo responde por 70% dos casos de violência registrados contra a categoria no ano passado.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro e do Estado do Rio repudiam e condenam mais esse ato de violência contra um trabalhador da mídia. Ao mesmo tempo, cobram das autoridades a apuração e punição do agressor.
Brasília, 23 de outubro de 2022
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio
Fotos: Divugação/PTB