A CTB-RS e a CUT-RS, representando as centrais sindicais, se reuniram na tarde de sexta-feira (7) com o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS), em Porto Alegre, para denunciar assédio eleitoral orquestrado de empresas a funcionários e fornecedores para que votem nos candidatos dos patrões.
As entidades reforçaram a necessidade de acelerar a investigação e a responsabilização das empresas que têm coagido trabalhadores e trabalhadoras caso o ex-presidente Lula (PT) seja eleito.
Crime eleitoral
Segundo o dirigente da CTB-RS, Eder Pereira da Silva, presente na reunião, o comportamento das empresas é inadmissível. Ainda segundo ele, as centrais estão estudando o ajuizamento de uma ação civil pública junto à Justiça Eleitoral “para que também responsabilize criminalmente essas empresas”.
Coação eleitoral
Stara
A Indústria de Implementos Agrícolas Stara, com sede em Não-Me-Toque e filiais em Carazinho e em Santa Rosa, cometeu um crime eleitoral na segunda-feira (3), um dia após o primeiro turno vencido pelo ex-presidente Lula.
Em carta enviada aos seus fornecedores, a empresa afirma que, se Lula for também o vencedor do segundo turno, “deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30%”.
O dono da Stara, Gilson Lari Trennepohl, é filiado ao União Brasil e apoiador do atual presidente. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele fez doações de R$ 350 mil para a candidatura de Bolsonaro e R$ 300 mil para a do ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), que disputa o segundo turno para governador do RS.
Extrusor
Já a Extrusor – Comércio de Máquinas e Equipamentos, com sede em Novo Hamburgo, também emitiu documento aos fornecedores na terça-feira (4), alertando que “caso os resultados da eleição se mantenham da mesma forma atual, ao fim do ano passaremos a nossa empresa da forma física para a forma virtual, mantendo nosso trabalho apenas na internet”.
A empresa ainda diz que “assim sendo, não teremos mais a necessidade de serviços, peças e insumos no comércio local”.
Mangueplast
A Mangueplast Indústria de Mangueiras, por sua vez, que fica na cidade de Barão, no Vale do Caí, avisou na terça-feira os seus clientes que vai investir menos e produzir menos, o que, consequentemente, significa reduzir o quadro de pessoal.
O comunicado é assinado pelo dono da empresa, Marcelo Delazzari. A justificativa usada é a “instabilidade política e econômica que vive e viverá o Basil nos próximos anos, caso se confirme em segundo turno os resultados prévios do pleito eleitoral de 2 de outubro”.
Outras empresas
Também serão alvo mais três empresas do município de Cachoeirinha: Parks S.A., fabricante de equipamentos de transmissores de comunicação, peças e acessórios; Tecnomola – Indústria de Molas; a Metalúrgica Arauterm.
Crime dá cadeia e multa
A lei é clara. O assédio eleitoral ou a compra de votos é crime, conforme previsão em lei pelo artigo 301 do Código Eleitoral. A legislação estabelece pena de até quatro anos de reclusão e pagamento de multa para quem “usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido”.
Os patrões também não podem oferecer benefícios ou vantagens a alguém que busca uma vaga ou obrigar um trabalhador a vestir uma camiseta de um candidato. Isto é considerado “abuso do poder diretivo” da empresa.
Fonte: CTB-RS