Jair Bolsonaro não se cansa de vomitar ameaças de golpes caso seja derrotado nas urnas, como indicam todas todas as pesquisas de opinião, Mas o líder do neofascismo no Brasil late muito, mas não tem dente para morder. Está a cada dia mais isolado e, embora tenha o apoio de alguns generais de pijama, não tem o respaldo dos comandantes do Exército, que não vão respaldar aventuras golpistas.
Foco de tensão permanente nos últimos anos, alimentado pelo presidente da República, o meio militar parece inclinado a reduzir sua presença no processo eleitoral e simplesmente respaldar o resultado que sair das urnas no próximo domingo. Reportagens publicas pela Agência Pública e pelo jornal O Estado de S. Paulo sustentam essa visão e apontam para um momento de reflexão nas Forças Armadas, após anos de exploração política por parte do atual governante.
“Diante de um cenário de desgaste para o setor, o Alto Comando do Exército, formado na maioria por oficiais da ativa promovidos ao topo da carreira nos últimos quatro anos, considera que a contestação do resultado das eleições e o questionamento da legitimidade das urnas eletrônicas devem ficar circunscritos a Bolsonaro e aos militares da reserva da campanha da reeleição ou que ocupam cargos políticos no governo”, diz o Estadão na edição desta sexta-feira (30).
Mensagem às tropas: respeito ao resultado
Ainda de acordo com o jornal, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, deverá assinar relatório a ser entregue ao presidente da República. Não será um documento para chancelar ou contestar o resultado da votação, apenas informações sobre a totalização.
O jornal sustenta ainda que os 16 oficiais-generais, em reunião no Quartel General do Exército (QGEx), em Brasília, já asseguraram o respeito ao processo eleitoral, independentemente do vencedor. “Quem ganhar, leva”, teriam dito os militares. “A frase é disseminada na tropa desde a primeira semana de agosto”, relata o Estadão.
Funções no Estado democrático
Já a reportagem da Pública aborda em detalhes o processo de renovação no Alto Comando do Exército, com entrevista do general Sergio Etchegoyen. O general foi chefe do Estado Maior e ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Mas também faz considerações sobre a questão militar no governo.
“Até a chegada à presidência de Jair Bolsonaro – cuja origem militar ele sempre fez questão de alardear – temas como as discussões no Alto Comando do Exército (ACE) despertavam pouco interesse na imprensa”, diz o texto, assinado pela jornalista Monica Gugliano. “Considerava-se que, após 21 anos no poder durante a ditadura, os militares haviam reencontrado seu lugar e suas legítimas funções em um Estado democrático. Não foi bem assim. Interesses de ambos os lados, tanto de Bolsonaro como de militares, estreitaram as diferenças entre uma instituição de Estado e o governo. Se as urnas levarem à derrota de Bolsonaro, o Alto Comando do Exército terá que rever o papel da Instituição na vida pública. Continuará como as demais instituições de Estado. E o que possivelmente acontecerá, segundo a avaliação de acadêmicos e estudiosos do tema, é que deixará de ter a exposição pública outorgada por Bolsonaro.”
A reportagem lembra que existem diferentes visões sobre a participação na vida política do país. E que, internamente, muitos receiam que o fracasso do governo Bolsonaro “acabe no colo” das Forças Armadas. Mas, ao tempo, descartam qualquer tipo de intervenção, ao contrário do que esbraveja o mandatário. “Eles garantem, porém, que não haverá nenhum tanque na rua, seja qual for o resultado das eleições.”
Com informações da RBA
Foto: Centro Com. Social Exército