Por Altamiro Borges
O jornalista Jamil Chade informa no site UOL que o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos fez nesta terça-feira (27), em Genebra, um alerta sobre os ataques ao processo eleitoral brasileiro e sobre a escalada de violência política às vésperas das eleições do próximo domingo.
“Estamos fortemente preocupados com o relato de violência contínua que envolve partidos políticos, apoiadores e candidatos”, afirmou a porta-voz do escritório da ONU, Ravina Shamdasani. Num apelo público, ela pediu a “todos os líderes políticos e candidatos” que ajam no sentido de evitar “o uso da violência contra os oponentes políticos”.
Sem citar o nome do fascista Jair Bolsonaro, ela também criticou seus ataques às urnas eletrônicas e suas ameaças de não reconhecer o voto popular. “Notamos que existem tentativas repetidas de colocar dúvidas sobre a credibilidade do sistema eleitoral e ameaças de não reconhecer os resultados da eleição. Isso representa um sério risco para o processo democrático”.
Crescem os alertas na comunidade internacional
O correspondente do site UOL lembra que, já na semana passada, em um comunicado inédito na história da recente democracia brasileira, oito relatores da ONU se uniram para pedir às autoridades, candidatos e partidos no Brasil a garantia de que as próximas eleições sejam “pacíficas e que a violência relacionada com as eleições seja prevenida”.
“Exortamos as autoridades a proteger e respeitar devidamente o trabalho das instituições eleitorais. Expressamos ainda nossas preocupações sobre o impacto que tais ataques poderiam ter sobre as próximas eleições presidenciais, e enfatizamos a importância de proteger e garantir a independência judicial”, afirmaram os oitos relatores especiais.
“O comunicado, mesmo sem citar o nome do presidente, criticou os ataques ao Judiciário e às urnas e alertou sobre o impacto desse comportamento para a sobrevivência da democracia. Nos bastidores, fontes da ONU confirmaram que a medida foi a maneira encontrada para colocar uma pressão sobre o governo para que não viole as regras eleitorais”, informa Jamil Chade.
Isolamento e condenação no mundo
O jornalista lembra ainda que, no mês passado, a então alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, já havia criticado os ataques de Jair Bolsonaro contra as instituições democráticas, além de condenar sua incitação à violência. Sua atitude levou o Itamaraty a apresentar um protesto formal contra a ex-presidenta chilena.
A matéria afirma que não há previsão de sanções contra o Brasil, mas observa que todas essas declarações formais servem “como um alerta de que a comunidade internacional não está disposta a aceitar uma ruptura democrática no país. O impacto, caso Bolsonaro opte por esse caminho, seria uma condenação internacional praticamente imediata”.
Repercussão na imprensa mundial
A escalada de violência e as ameaças golpistas no Brasil não preocupam apenas as instâncias da ONU. Elas repercutem na mídia internacional. O jornalista Nelson de Sá destacou que “do argentino Perfil à americana Associated Press, avançando pelo indiano R. Bharat, os enunciados se repetiam na terça-feira (27), a cinco dias da eleição, a partir da morte no Ceará e outras: ‘Novos assassinatos aumentam temor de violência eleitoral no Brasil’”.
O jornal estadunidense Washington Post, por exemplo, registrou que “com aproximação do dia das eleições, cresce medo da violência”. Já o apresentador John Oliver, da HBO, lembrou o primeiro assassinato de um petista por um bolsonarista no Paraná: “Não é à toa que já houve surtos de violência, diante da retórica de Bolsonaro”. A agência Reuters, por sua vez, informou que “policiais na campanha pedem reforços à medida que a violência aumenta” e solicitam reforço à segurança do ex-presidente Lula.
Charge: Machado