Há pouco mais de duas semanas para o 1º turno das eleições de 2022, o Portal CTB publica uma série de entrevistas com candidatos e candidatas apoiados pela militância da Central e ligados ao sindicalismo classista e a defesa da classe trabalhadora.
Em nossa sexta entrevista, conversamos com o paraense Jorge Panzera, candidato a deputado estadual pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Leia a íntegra abaixo:
Portal CTB — Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória política e sua candidatura.
Jorge: Eu sou presidente estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) do Pará, membro da direção nacional do PCdoB e candidato a deputado estadual.
Iniciei minha militância política no movimento estudantil na década de 1980, atuando nas lutas estudantis no estado do Pará. Por conta disso, fui parte da direção nacional da União da Juventude Socialista (UJS), onde militei a partir de 1992, indo morar em São Paulo. Naquele período, participei ativamente da luta pelo impeachment de Fernando Collor.
Ao voltar para o Pará, assumi a presidência municipal do PCdoB de Belém. Fui secretário adjunto da Casa Civil, secretário de Esportes, superintendente do Patrimônio da União e presidente da imprensa oficial do estado do Pará.
Minha candidatura tem como referência principal debater o desenvolvimento do Pará e olhar para Amazônia pela perspectiva da classe trabalhadora, defendendo seus interesses no estado.
Portal CTB — Para você, qual a importância dos trabalhadores e das trabalhadoras ocuparem as Casas Legislativas?
Jorge: A luta para afirmar um projeto de desenvolvimento nacional no Brasil e um projeto de nação são fundamentais. A elite brasileira abandonou a ideia de um projeto de Brasil. Hoje, só quem pode liderar um processo de transformação e de afirmação desse projeto é a classe trabalhadora brasileira. Por isso, é fundamental que ela ocupe cada vez mais espaços de poder e espaços políticos, para, a partir da luta política, construir uma caminhada em direção a um projeto nacional a partir da ótica da luta dos trabalhadores.
A crise que o país vive tem a ver com a crise mundial e com os caminhos que a elite brasileira tomou nos últimos anos — sobretudo a partir do impeachment da presidenta Dilma —, aplicando uma política econômica que só ampliou as dificuldades da vida do povo trabalhador.
Desde o impeachment até o momento atual, foram aprovadas reformas que sacrificaram ainda mais a vida do nosso povo, como o teto de gastos, que reduziu investimentos do estado e fez com que o nosso desenvolvimento econômico se estagnasse; a reforma trabalhista, que retirou direitos, arrochou ainda mais o salário dos trabalhadores e aumentou a precarização das relações de trabalho e a reforma da previdência, que quer impedir que os trabalhadores brasileiros se aposentem. Essas medidas aprofundaram a crise econômica do Brasil.
Uma saída para o desenvolvimento nacional tem a ver, em especial, com o fortalecimento econômico do Estado brasileiro, com investimentos no setor produtivo e com a valorização do trabalho a partir da valorização do salário mínimo, fortalecendo ainda mais o nosso mercado consumidor.
Um projeto nacional de desenvolvimento e a saída da crise passam, sobretudo, por um investimento ainda mais forte no trabalho e nos trabalhadores. Um dos pontos-chave desse projeto é a Amazônia, que é a região mais rica do Brasil e o nosso maior patrimônio. É necessário, primeiro, ter soberania brasileira sobre a Amazônia e sobre suas riquezas, encontrando um caminho com ciência, tecnologia e inovação que desenvolva essa região e agregue riqueza às suas matérias primas. O Brasil precisa olhar para a Amazônia como o caminho fundamental do seu desenvolvimento econômico e de sua transformação numa grande nação.
Portal CTB — Vivemos um momento político conturbado, de profunda crise econômica e social. Quais serão os desafios dos deputados e deputadas representantes da classe trabalhadora neste próximo período?
Jorge: Nessa eleição, é fundamental a vitória política dos trabalhadores com a eleição de Lula à Presidência da República. Além disso, é preciso ampliar ainda mais a presença política de figuras vinculadas à luta da classe trabalhadora e à luta do nosso povo nos espaços de poder.
Ainda que estivermos à frente do governo federal, não podemos desarmar a luta do nosso povo. É preciso, como parte fundamental da transformação o Brasil, ampliar e enraizar ainda mais a luta e a organização do povo brasileiro, em especial da classe trabalhadora.
É preciso, urgentemente, revogar a reforma trabalhista, a reforma da previdência e o teto de gastos para que o país volte a crescer. Isso não será feito sem a mobilização popular, sem a presença do povo — e especialmente, da classe trabalhadora brasileira — na rua.