Conforme destaca a resolução política aprovada na última reunião da Direção Nacional da CTB o pleito de outubro “é a grande batalha que deve centralizar a atenção e a energia da militância e das direções da nossa Central Classista”.
O documento ressalta que além de derrotar Bolsonaro e eleger um governo comprometido com a agenda da classe trabalhadora aprovada na Conclat, é fundamental aumentar a representação dos trabalhadores e trabalhadoras no Parlamento.
“A CTB lutará para eleger parlamentares ligados à Central, fator essencial para reverter as contrarreformas trabalhista e previdenciária”, ressalta a resolução.
No espírito da resolução, aprovada durante reunião realizada em 15 de julho, o Portal da CTB vai publicar uma série de entrevistas com candidatos e candidatas oriundas do sindicalismo classista ou que comungam de suas concepções e estão sendo apoiados pelas bases.
A série é inaugurada com a entrevista concedida pelo presidente licenciado da CTB SP e vice-presidente licenciado da CTB Nacional, Rene Vicente, candidato a deputado estadual pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Seu número na urna é 65789. Leia abaixo:
Portal CTB – Conte-nos um pouco sobre a sua candidatura: as principais propostas e projetos, bem como sua trajetória política.
Rene Vicente: Sou trabalhador da Sabesp há 24 anos, na função de eletricista. Desde que entrei na empresa entendi que deveria fortalecer o sindicato. Sempre soube, desde muito jovem, que nada vem sem luta e organização, então assim que assinei minha contratação também assinei minha filiação ao Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente). De lá pra cá, fui delegado sindical, diretor de base e três vezes presidente do Sintaema.
Por defender um sindicalismo classista, lutamos para filiar o Sintaema à CTB e hoje estou presidente licenciado da CTB-SP e vice-presidente licenciado da CTB Nacional.
Ao longo da minha vida, sempre estive engajado no movimento sindical e participei de lutas importantes, como o combate à fome e às desigualdades, contra as privatizações, pela redução dos juros, por uma política de valorização do salário mínimo, contra as reformas Trabalhista e da Previdência. Denuncio e batalho contra o fascismo que se instalou em nosso país e em São Paulo. Além disso, sempre me posicionei ao lado daqueles e daquelas que lutam contra as discriminações e a violência estrutural de gênero e raça.
Portal CTB – Para você, qual a importância dos trabalhadores e das trabalhadoras ocuparem as Casas Legislativas?
Rene Vicente: O Brasil atravessa uma etapa de sua história recente de grandes dificuldades e muitos desafios. É fundamental que, num ciclo pós-Bolsonaro e pós-Garcia, uma gestão progressista, popular e audaciosa assuma o governo e construa as bases para reverter as diretrizes neoliberais impostas à população.
Sempre lutamos por governos e políticas que tenham como prioridade a valorização dos serviços e dos servidores públicos, opondo-se às privatizações. Uma gestão que valorize de forma efetiva a classe trabalhadora que é quem gera riqueza nesse país. Não dá mais para termos governos como o de Rodrigo Garcia e Jair Bolsonaro que cortam investimentos da educação pública, que desmontam o SUS, que criminalizam os movimentos sociais, que negam casa e comida na mesa de milhões e que condenam nós todos a uma vida de desalento.
Para reverter a agenda regressiva que tomou conta do país, precisamos de um time que lute em conjunto por um projeto que garanta de forma imediata a retomada do crescimento com geração de emprego e renda dignos e isso só será possível primeiro com Lula e Fernando Haddad eleitos e segundo com a eleição de deputados e deputadas comprometidos com essa agenda, com a agenda da classe trabalhadora. Só assim colocaremos São Paulo e o Brasil no rumo da mudança para todos e todas e não para uma minoria rica, que é o que vem sendo feito.
Portal CTB – Vivemos um momento político conturbado, de profunda crise econômica e social. Quais serão os desafios dos deputados e deputadas representantes da classe trabalhadora neste próximo período?
Rene Vicente: Penso que um grande desafio será reverter as reformas Trabalhista e da Previdência, mas também sei que não será impossível. Essas duas (de)reformas são verdadeiros crimes contra nosso povo e nosso país. Elas não só contribuíram para a crise que vivemos hoje como são ingredientes de destaque na onda que empurrou os trabalhadores e trabalhadoras para uma vida de péssimos salários, precarização, adoecimento e até suicídio. Vale lembrar que a reforma estagnou o nível de renda do trabalhador, que segue em cerca de R$ 2.700 mensais após cinco anos de sua sanção pelo então presidente Michel Temer. E mais, neste mesmo período a inflação acumulou alta de 30%.
Já temos exemplos pelo mundo da reversão da reforma trabalhista. Veja o que acontece na Espanha hoje. Segundo informações do Ministério do Trabalho e Economia Social da Espanha, publicados no Portal Brasil de Fato, o número de trabalhadores desempregados hoje naquele país é o menor registrado nos últimos 14 anos (2,9 milhões em julho).
Creio que se mudarmos a configuração do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas com candidatos e candidatas comprometidos com essa agenda, podemos construir as condições para virar o jogo e fazer a nossa própria contrarreforma.