Nossa segunda reportagem sobre candidaturas originadas no sindicalismo classista e/ou apoiada pela militância da CTB é sobre a professora Francisca Pereira da Rocha Seixas, dirigente licenciada da Apeoesp e da CTB, candidata a deputada estadual em São Paulo. Nesta entrevista ao Portal, Francisca destaca a relevância da educação para o povo. Leia abaixo
A candidatura coletiva Francisca Bancada da Educação nasceu da necessidade da ampliação de vozes em defesa do serviço público na Assembleia Legislativa de São Paulo. Essa candidatura é encabeçada por Francisca Pereira da Rocha Seixas e conta com uma ampla representação em todo o estado. Somos do time do Lula e do Haddad. Nossa voz em Brasília é o deputado federal Orlando Silva e no Senado apoiamos Márcio França. Juntas e juntos, queremos mudar o país e o nosso estado.
Nos somamos às vozes de um estado e uma nação com a vontade de fazer um mandato realmente em favor do serviço e das servidoras e dos servidores públicos. Porque a maioria absoluta da população depende desse serviço para que suas filhas e filhos tenham escolas de qualidade e possam sonhar com a universidade.
A Francisca Bancada da Educação é fruto do entendimento desse grupo com um grande número de apoiadores, que entendem a educação como área estratégica para o Brasil e par ao estado de São Paulo. Nossa prioridade é a valorização do serviço público, assim como das servidoras e servidores, tão maltratados pelo desgoverno federal, tanto quanto por João Doria à frente de do governo paulista e por seu sucessor, Rodrigo Garcia.
Também ergueremos nossas vozes para a promoção do acesso à cultura e ao esporte como formas de empoderar a criatividade das crianças e jovens. Educação, cultura e esporte devem estar intrinsecamente ligados com objetivo de avançarmos para uma mentalidade mais solidária, com predominância da generosidade e do respeito.
Francisca é professora da rede pública estadual de São Paulo há 32 anos e da rede pública municipal da capital há 29 anos. É formada em História pela Universidade Federal da Paraíba. Também é advogada. É diretora licenciada da Apeoesp, da CNTE, da Executiva Nacional da CTB e da diretoria da CTB-SP. Foi também do Conselho de Representantes do Sinpeem.
Portal CTB – Para você, qual a importância dos trabalhadores e das trabalhadoras ocuparem as Casas Legislativas?
Francisca – Atualmente temos um Congresso dominado amplamente pelos interesses patronais. Há pouca representação de trabalhadoras e trabalhadores, o que traz consequências desastrosas para o mundo do trabalho. O presidente golpista Michel Temer aprovou a reforma trabalhista em 2017 com a promessa de criação de empregos.
Aconteceu o contrário e o desemprego cresceu. E mesmo quando o nível de empregabilidade cresce, é o setor informal que aumenta. E na informalidade não há direitos respeitados. As trabalhadoras e os trabalhadores não têm jornada claramente estabelecida, não têm descanso semanal remunerado garantido, não têm vale-transporte, vale-alimentação, enfim tudo o que a nossa Constituição garante.
Além dessa reforma trabalhista, lutamos pela revogação da Emenda Constitucional 95 – conhecida como Teto de Gastos –, que congelou as verbas destinadas aos setores públicos, bem como os salários das servidoras e servidores por 20 anos. Isso precarizou demais o atendimento do serviço público com a falta de concursos e a sobrecarga de trabalho acentuada, além dos salários defasados. O desgoverno federal vem promovendo intenso cortes nas áreas sociais, principalmente na educação e saúde. Por causa desses cortes, as escolas e as universidades estão em situação precária e o SUS – maior sistema público e gratuito de saúde do mundo – corre risco de extinção.
Somente com mais trabalhadoras e trabalhadores nas assembleias legislativas dos estados e no Congresso Nacional é que a voz de quem vive do trabalho poderá ser ouvida, Somente com representantes da classe trabalhadora, o presidente Lula poderá governar para combater as desigualdades e o governador Haddad também precisa de nós para priorizar a criação de empregos, o combate à fome, criar uma política habitacional que tire as pessoas das ruas. Precisamos de Lula, Haddad e parlamentares comprometidos com o povo para avançarmos nas políticas de reindustrialização do país e do estado e com isso serem criados novos postos de trabalho.
Somente quem sofre com a precarização do trabalho pode entender melhor a necessidade de uma nova política econômica, voltada para o combate à fome e à miséria. Precisamos da agricultura familiar para termos alimentos saudáveis em nossas mesas e mais empregos no campo. Também necessitamos de indústrias sustentáveis para haver trabalho decente e vida diga e dessa forma crianças e jovens terem escola de qualidade e possibilidade de um futuro melhor.
Portal CTB – Vivemos um momento político conturbado, de profunda crise econômica e social. Quais serão os desafios dos deputados e deputadas representantes da classe trabalhadora neste próximo período?
Francisca – É preciso fortalecer o Estado para melhorar o maior serviço de saúde pública do mundo, o SUS. E com saúde não se brinca, como fez o “coisa ruim” durante a pandemia. Além de educação e saúde públicas de qualidade para as pessoas que só têm a sua força de trabalho para manter a vida de suas famílias, é fundamental dar condições para as famílias manterem as crianças e os adolescentes na escola, sem necessitar de ajuda dessas pessoas em desenvolvimento no orçamento doméstico.
Os governantes que defendem o projeto neoliberal destroem o Estado. Governam para os muito ricos em detrimento da maioria da população que sobrevive a duras penas, mais de 33 milhões de pessoas passam fome e mais da metade da população brasileira não consegue se alimentar adequadamente, porque a agricultura familiar foi abandonada por esse desgoverno, destruidor da natureza.
As queimadas e o desmatamento de nossas florestas provocam vendavais avassaladores, enchentes e todo o tipo de destruição a quilômetros de distância. O desgoverno incentiva invasão de terras indígenas e quilombolas e promove a impunidade em relação aos destruidores do meio ambiente e agressores de indígenas, sindicalistas rurais, ambientalistas e inclusive crianças. Defender a natureza, portanto, é defender o planeta, a humanidade, enfim a vida.
E como a educação é uma área estratégica, a candidatura coletiva Francisca Bancada da Educação quer a destinação de pelo menos 10% do PIB para a educação pública, assim como, os royalties do pré-sal de volta para a educação e para a saúde pública. Lutamos pelo fortalecimento do SUS. Sem o maior sistema público de saúde do mundo, as mortes teriam sido muito maiores na pandemia.
O desgoverno federal e o Ministério da Saúde são diretamente responsáveis pela situação extremamente dramática com a morte evitável de quase 700 mil brasileiras e brasileiros de todas as idades. Faltou vacina, faltou atitude, falto vergonha na cara ao desgoverno da morte.
Respeito a todas as pessoas, à ciência, aos livros, ao conhecimento. E dessa forma superarmos a cultura da violência, da discriminação. A cultura do estupro que mata milhares de meninas e mulheres todos os anos neste país. Queremos a cultura da paz, do amor, da segurança. Queremos andar pelas ruas das cidades sem medo.
Para isso é fundamental a criação de um Sistema Nacional de Educação e que o estado de São Paulo seja o primeiro a implantar um sistema de educação baseado no diálogo, na troca de saberes e no respeito.
Para isso, é necessário envolver toda a sociedade um amplo debate sobre as questões de gênero e de raça. O machismo e o racismo matam e matam há muitos anos. Precisamos combater tenazmente essas violências para que todas as pessoas possam ser o que quiserem ser. Que possam estudar, ir à universidade e defender seus pontos de vistas e seu modo de vida. Só não se pode admitir a pregação do ódio, da discriminação e da violência.
Basta de intolerância religiosa, basta de falta de medicamentos, de hospitais, de médicos e enfermeiros. Basta de escolas sucateadas, de servidoras e servidores públicos sem reajustes salariais. Basta de perseguição aos artistas e às trabalhadoras e trabalhadores da cultura. Basta da falta de concursos públicos.
A nossa luta é pela reindustrialização como forma de alavancar a economia e criar postos de trabalho. Lutaremos pelo trabalho decente, com todos os direitos assegurados pela CLT. Defendemos avanços civilizatórios na CLT como a redução da jornada de trabalho para aumentarem as ofertas de vagas e trabalhadoras e trabalhadores terem mais tempo para a família, para a cultura, para o lazer. Para começar a nossa luta é pela revogação da reforma trabalhista e da reforma da previdência que tantos prejuízos trouxeram para a classe trabalhadora.
Lutaremos pelo aumento massivo dos investimentos em educação em todos os níveis, com verbas suficientes para as universidades públicas federais, estaduais e municipais. Com valorização da ciência e da pesquisa para trazer a juventude que deixou o país para estudar fora por falta de oportunidades aqui dentro. Da creche à universidade, a educação é o melhor caminho para a democracia. Melhor caminho para a igualdade de oportunidades. Melhor caminho para o nosso estado e para o país.
Combater a violência, desarmar os corações e mentes e assim evoluirmos para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais humana. Para isso, contamos com a ampla participação de todas as pessoas.
Queremos ouvir você a partir do dia 2 de janeiro de 2023 para juntas e juntos realizarmos um mandato verdadeiramente coletivo, onde a sua voz valha o mesmo que a nossa. Somente juntas e juntos construiremos o Brasil dos nossos sonhos, onde predomine a vida boa, a inteligência e a vontade de mudar.