Presidente chileno, acusado de “queimar o metrô” (o que é falso), convocou embaixador do Brasil depois que o chefe da extrema direita brasileira vomitou suas novas infâmias
Jair Bolsonaro voltou a mostrar ao Brasil o seu verdadeiro e pavoroso caráter durante o primeiro debate dos presidenciáveis, transmitido na noite de domingo (28) pelas TVs Bandeirantes e Cultura. Esbanjando misoginia e machismo, ele agrediu de forma grosseira e grotesca a jornalista Vera Magalhães e a candidata a presidente do MDB Simone Tebet.
Orientado por um anticomunismo cego, destilou ataques contra líderes de esquerda na América do Sul e acusou o presidente do Chile, Gabriel Boric de “queimar o metrô” durante os protestos de 2019 no país vizinho.
A fala foi feita nas considerações finais de Bolsonaro e Boric não foi o único alvo do ódio bolsonarista. O mandatário atacou outros líderes progressistas da América Latina, como o argentino Alberto Fernández, o colombiano Gustavo Petra e o venezuelano Nicólas Maduro.
Protesto do Chile
Nesta segunda-feira (29), o Chile convocou para consultas o embaixador do Brasil em Santiago, em resposta às declarações de Bolsonaro.
“Lula também apoiou o presidente do Chile, o mesmo que praticava atos de tacar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo nosso Chile?”, esbravejou o presidente brasileiro.
A menção a Boric irritou a diplomacia chilena. “Consideramos essas acusações gravíssimas. Obviamente são absolutamente falsas e lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas”, disse a ministra das Relações Exteriores Antonia Urrejola.
“Convocamos o embaixador brasileiro para esta tarde na chancelaria em nome do secretário-geral de política externa, onde lhe enviaremos uma nota de protesto.”
Bolsonaro concluiu sua participação no debate com o slogan “Deus, Pátria, Família”, expressão usada pela Ação Integralista Brasileira (AIB), um movimento fascista brasileiro inspirado nas ideias e práticas do italiano Benito Mussolini.
O comportamento de Jair Bolsonaro lembra a fábula do escorpião e do sapo atribuída a Esopo. Um escorpião pede a um sapo que o leve através de um rio. O sapo tem medo de ser picado durante a viagem, mas o escorpião argumenta que se picar o sapo, o sapo iria afundar e o escorpião iria se afogar. O sapo concorda e começa a carregar o escorpião, mas, no meio do caminho, o escorpião acaba por ferroar o sapo, condenando ambos à morte. Quando perguntado pelo sapo por que havia lhe picado, o escorpião responde que esta é a sua natureza e que nada poderia fazer para mudá-la. Apesar de advertido pela assessoria para evitar acessos de misoginia o presidente não consegue conter a natureza machista e o profundo ódio que cultiva contra as mulheres, a democracia e líderes identificados com os interesses da classe trabalhadora e dos seus povos.
“A utilização política da relação bilateral para fins eleitoreiros, com base em mentiras, desinformação e tergiversação oorrói não só o vínculo entre nossos países como também a democracia, abalando a confiança e afetando a irmandade entre os povos”, acentua o comunicado à imprensa divulgado pele governo chileno. Abaixo a íntegra em espanhol.
Foto: Comunicação Band