Entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro serão realizadas as eleições para renovar a direção do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Rodrigo Kobori, candidato a presidente pela Chapa 1 – Unidade Metroviária, apoiada pela CTB -, explica na entrevista abaixo o que está em jogo nas eleições e as propostas da chapa que encabeça para resgatar direitos perdidos e a confiança da categoria na direção do Sindicato. Kobori tem 42 anos, é filho de uma metroviária e agente de segurança no Metrô, onde trabalha desde 2001.
P- Qual a particularidade deste processo eleitoral?
R- Estamos participando de um processo eleitoral diferente dos anteriores, quando tínhamos um colegiado com diretoria proporcional. A categoria decidiu mudar o formato, aprovando em plebiscito o retorno do presidencialismo.
Montamos a Chapa 1 combinando experiência com renovação. Temos companheiros históricos como Godói e Onofre, somos do mesmo time do nosso saudoso companheiro Wagner Gomes (ex-presidente do sindicato e da CTB Nacional, que morreu em agosto de 2021). Somos guiados pelo propósito de lutar com toda energia e habilidade pelos direitos da categoria e para resgatar a credibilidade do nosso sindicato. Nosso time está muito motivado.
P- O que está em jogo nesta eleição para a categoria?
R- Uma questão central é o respeito à decisão da categoria no plebiscito sobre o formato da direção do Sindicato. A Chapa 1 está afinada com a vontade majoritária dos metroviários e metroviárias, o que não é o caso da outra chapa, que pretende manter a estrutura atual, vigente desde 2016, com proporcionalidade e colegiado.
A experiência já mostrou que isto não funciona, gera muitas disputas, compromete a unidade e a luta. A mudança não é apenas formal. Defendemos o modelo aprovado em plebiscito, ou seja, o presidencialismo. porque temos a convicção de que este é o caminho para a categoria ter de novo um sindicato que tenha por prioridade e foco a luta pelos interesses dos metroviários e metroviárias, bem como para recuperar a confiança da base. Queremos um sindicato focado na luta.
P- Como foram os últimos acordos coletivos?
R- Tivemos bastante dificuldades nas campanhas salariais ocorridas após o golpe de 2016 e, mais ainda, no governo de João Doria. Houve muita dificuldade para negociar. Nos últimos três anos a categoria acabou não conseguindo fechar um acordo com o Metrô. Foi necessário que a Justiça do Trabalho garantisse nossos direitos com sentenças normativas do Tribunal Regional do Trabalho.
Enfrentamos um período difícil e a categoria saiu no prejuízo. Mesmo direitos que tínhamos conquistado recentemente, como o Vale Peru (concedido por ocasião do Natal), foram abolidos. Não tivemos Participação nos Resultados (PRs) em 2020 e 2021, a última que recebemos foi em 2019. Além dos fatores citados (o golpe de 2016 e a gestão Doria) a fragilidade da direção do Sindicato também pesou na determinação desses retrocessos.
P- Quais as principais demandas dos metroviários e o que a Chapa 1 pretende fazer se ganhar as eleições?
R- Nós estamos numa batalha para colocar um fim no reinado do PSDB em São Paulo, estamos confiantes na eleição de um governo progressista e consideramos isto de extrema importância para a classe trabalhadora em geral e em especial para nossa categoria.
Com um governo progressista esperamos ver o fim das privatizações e das terceirizações. Apostamos no retorno do diálogo democrático para avançar na direção de um plano de carreira para a categoria, principalmente na manutenção, preservação e ampliação dos postos de trabalho, bem como dos direitos, o fortalecimento das empresas públicas, do Metrô, e a realização de concursos.
Para a Chapa 1 é fundamental resgatar a confiança da categoria na direção do Sindicato, de forma que o conjunto dos metroviários e metroviárias possa participar de forma organizada e responsável na luta. Temos de parar com esta história de ficar ameaçando greve, mas nada fazendo, o que acaba banalizando este valioso instrumento de luta.
Não tivemos reposição da inflação em 2020. Acumulamos perdas salariais e não temos equiparação e isonomia salarial. Vamos lutar para corrigir isto. Nossa chapa combina experiência com renovação, foi composta com o espírito de renovar no Sindicato atuando sempre com coerência e responsabilidade para não ser massacrado pelo governo, Metrô e opinião pública.