O Sindicato dos Guardas Portuários do Pará e Amapá (SINDIGUAPOR) e o Sindicato dos Portuários do Pará e Amapá (SINDIPORTO), filiados a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), fecharam um acordo coletivo com a Companhia Docas do Pará (CDP), ligada ao governo federal, após 19 dias de greve e três meses de negociação.
A greve, iniciada no dia 19 de julho e terminada em 8 de agosto, veio em resposta a um processo de negociação direta com representantes do Ministério da Economia bastante conturbado, explica o presidente do SINDIGUAPOR Rodrigo Rabelo. “A empresa quis retirar direitos dos trabalhadores, mas conseguimos um bom acordo”, afirma.
O novo acordo prevê 100% de reposição da inflação no período — que, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, acumula 11,73% nos últimos 12 meses —, manutenção do desconto do plano de saúde, benefícios sociais implicados em todas as cláusulas econômicas, 50% do adicional noturno mantido até janeiro, redução da extra-jornada e extensão do horário. Com isso, Rabelo estima um aumento de 20% na remuneração da categoria até janeiro.
De início, o governo federal havia proposto 5% de aumento salarial e entre 20% e 50% de redução do adicional noturno, utilizando o patamar legal como justificativa e estabelecendo a data-base do acordo para junho. Dado que não houve consenso entre as duas partes e o acordo anterior a este já havia sido prorrogado, os trabalhadores decretaram greve como resposta.
Quanto ao saldo da mobilização, Rabelo é taxativo: “A greve mostrou que a categoria realmente está unida e que ela entendeu sua própria situação a partir da resistência coletiva contra o governo”.
Em razão das próprias condições da negociação, o movimento também tocou em questões da conjuntura nacional: “Pautamos a mobilização em prol da mudança para um governo que seja pró-trabalhador. A categoria está mais convencida dessa necessidade, para que as próximas negociações coletivas não sejam tão complicadas quanto esta, que se deu com um governo de extrema-direita”, conclui.