Por Altamiro Borges
A CNN-Brasil, que foi fundada em março de 2020 pelo empresário bolsonarista Rubens Menin, dono da MRV Engenharia, até hoje não decolou. Suas crises são recorrentes e o clima de tensão entre os funcionários é grande. Na semana passada, o site Notícias da TV revelou que a emissora de televisão por assinatura já dispensou 90% da sua equipe no Rio de Janeiro. “Todos os repórteres do canal de notícias foram demitidos, assim como produtores, assistentes, secretários, entre outros funcionários da capital fluminense. Os comentaristas, por enquanto, são os únicos poupados”, garante a matéria.
O desmanche é completo. “Semanas atrás, a CNN acabou com a parceria técnica que tinha com a Paris Filmes. A empresa é conhecida pela produção de filmes nacionais e cuidava de toda a parte técnica da redação no Rio de Janeiro. Uma nova produtora, com custos mais baixos, é procurada. No momento, a emissora usa os equipamentos que já estão instalados em estúdios”. A ordem das demissões teria partido diretamente de Renata Affonso, CEO da CNN-Brasil, e teria como justificativa o baixo rendimento da editoria de política no Estado.
“Ao mesmo tempo, a emissora quer economizar custos de sua produção em um ano eleitoral, que terá alta demanda. A contratação de jornalistas freelancers, que custam menos, para atender o canal durante o auge da cobertura, no fim de setembro e início de outubro, é considerada como alternativa… As demissões já eram esperadas. Existe uma insatisfação na CNN em relação ao modo que a empresa vem lidando com os bastidores nos últimos meses”, garante a reportagem.
Desmonte segue em curso
Já no início de junho, o mesmo site informou que “alguns profissionais insatisfeitos procuram emprego em concorrentes para sair o quanto antes. A coluna soube de cinco casos, entre editores, repórteres e até mesmo um apresentador. Os profissionais bateram nas portas de GloboNews e Band, e o comentário interno é de que só ficam na CNN aqueles que não têm outro trabalho engatilhado”. A degradação da cobertura jornalística resultou em novas quedas de audiência e a empresa parece definhar aos poucos, inclusive com alterações bruscas na sua programação.
“Na surdina, no fim de junho, ela decidiu acabar mais cedo com suas transmissões ao vivo. O último jornal, o Agora CNN, agora fica no ar entre 22h40 e 23h30. Nenhum outro canal de notícias encerra a transmissão em tempo real tão cedo. Desde o mês passado, não existem plantonistas no horário da madrugada. Se um fato urgente ocorrer, o telespectador da CNN só ficará sabendo na manhã do dia seguinte”, descreve o site, que garante que a crise é grave e pode ter desfecho ainda pior. “A direção tenta contornar do jeito que pode os problemas. Mas as notícias não têm sido animadoras”.
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