Depois de registrar a queda na produção industrial o IBGE divulgou nesta quarta-feira (10) as estatísticas relativas ao comportamento das vendas no comércio varejista em junho deste ano. Apurou um declínio de 1,4% em relação a maio. O recuo foi observado em sete das oito atividades pesquisadas e 23 das 27 unidades da federação.
A evolução das vendas reflete a aceleração da inflação e o arrocho dos salários, dois fenômenos que caminham de mãos dados. Milhões de trabalhadores e trabalhadoras estão sendo constrangidos a reduzir severamente as compras no varejo em função da alta dos preços e consequente redução do poder de compra dos salários.
O aumento do valor do auxílio emergencial deve melhorar a situação. O resultado decepcionante das vendas no varejo é mais um atestado do fracasso da política neoliberal comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro, candidato dos filhos Flavio e Eduardo ao Prêmio Nobel e responsável, entre outras façanhas, pelo retorno do Brasil ao Mapa da Fome da ONU.
Leia abaixo a nota divulgada pelo IBGE sobre as vendas no varejo em junho:
Em junho de 2022, o volume de vendas do comércio varejista caiu 1,4%, frente a maio, na série com ajuste sazonal. No mês anterior, houve variação de -0,4%.
Período | Varejo (%) | Varejo Ampliado (%) | ||
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Volume de vendas | Receita nominal | Volume de vendas | Receita nominal | |
Junho / Maio* | -1,4 | 0,2 | -2,3 | -0,9 |
Média móvel trimestral* | -0,4 | 0,5 | -1,0 | 0,7 |
Junho 2022 / Junho 2021 | -0,3 | 17,1 | -3,1 | 13,6 |
Acumulado 2022 | 1,4 | 16,9 | 0,3 | 15,9 |
Acumulado 12 meses | -0,9 | 13,5 | -0,8 | 14,2 |
*Série COM ajuste sazonal |
A média móvel trimestral variou -0,4% em junho, após alta de 0,5% em maio.
Na série sem ajuste sazonal, o varejo variou -0,3% ante junho de 2021.
O acumulado no ano chegou a 1,4% e o acumulado nos últimos 12 meses, a -0,9%.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas caiu 2,3%. A média móvel recuou 1,0%.
O acumulado no ano foi de 0,3% e o acumulado em 12 meses, de -0,8%.
Após os quatros primeiros meses de 2022 registrarem crescimento no volume de vendas na margem, os resultados de maio e junho invertem a trajetória, com -0,4% em maio e -1,4% em junho. Assim, o primeiro semestre de 2022 fecha acumulando alta de 1,4% ante o primeiro semestre de 2021. O resultado de junho está -4,6% abaixo do máximo da série, registrado em outubro de 2020, e 1,6% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).
As principais influências sobre o varejo, em junho, foram Tecidos, vestuário e calçados e Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.
Sete das oito atividades recuaram, na série com ajuste sazonal
A queda de 1,4% no volume de vendas do varejo, em junho de 2022, na série com ajuste sazonal, foi acompanhada por sete das oito atividades: Tecidos, vestuário e calçados (-5,4%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,8%), Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-1,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,3%), Combustíveis e lubrificantes (-1,1%), Móveis e eletrodomésticos (-0,7%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%).
Por outro lado, entre maio e junho de 2022, o setor de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria mostrou crescimento (1,3%).
O comércio varejista ampliado caiu 2,3%, com resultados no campo negativo tanto para Veículos e motos, partes e peças (-4,1%) quanto para Material de construção (-1,0%).
Seis das oito atividades do varejo tiveram taxas positivas frente a junho de 2021
Na comparação com junho do ano passado, o comércio varejista mostrou predominância de taxas positivas, atingindo seis das oito atividades: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (11,0%); Combustíveis e lubrificantes (7,8%); Livros, jornais, revistas e papelaria (2,6%); Tecidos, vestuário e calçados (2,2%); Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,5%); e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,4%). Completando as oito atividades do varejo, duas tiveram queda: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,4%) e Móveis e eletrodomésticos (-14,7%).
No comércio varejista ampliado, Veículos e motos, partes e peças registrou queda de (7,1%) e Material de construção -11,4%.
RECEITA NOMINAL DE VENDAS DO COMÉRCIO VAREJISTA E COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO, SEGUNDO GRUPOS DE ATIVIDADES – BRASIL – Junho 2022 | ||||||||
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ATIVIDADES | MÊS/MÊS ANTERIOR (1) | MÊS/IGUAL MÊS DO ANO ANTERIOR | ACUMULADO | |||||
Taxa de Variação (%) | Taxa de Variação (%) | Taxa de Variação (%) | ||||||
ABR | MAI | JUN | ABR | MAI | JUN | NO ANO | 12 MESES | |
COMÉRCIO VAREJISTA (2) | 1,0 | 0,4 | 0,2 | 22,3 | 17,0 | 17,1 | 16,9 | 13,5 |
1 – Combustíveis e lubrificantes | 2,1 | 3,9 | 0,0 | 46,7 | 38,6 | 36,5 | 39,2 | 39,8 |
2 – Hiper, supermercados, prods. alimentícios, bebidas e fumo | 1,2 | 4,0 | 0,3 | 20,1 | 15,3 | 18,0 | 13,7 | 11,1 |
2.1 – Super e hipermercados | 1,2 | 3,9 | 0,4 | 19,7 | 14,8 | 17,6 | 13,3 | 10,9 |
3 – Tecidos, vest. e calçados | 1,4 | 6,7 | -4,4 | 53,1 | 26,0 | 19,1 | 33,8 | 20,9 |
4 – Móveis e eletrodomésticos | 5,2 | -3,5 | 0,0 | 5,3 | 0,0 | -3,4 | 3,3 | -4,0 |
4.1 – Móveis | – | – | – | 7,8 | 4,8 | -3,8 | 6,9 | 1,0 |
4.2 – Eletrodomésticos | – | – | – | 4,2 | -2,0 | -3,3 | 1,8 | -5,9 |
5 – Artigos farmacêuticos, med., ortop. e de perfumaria | 3,9 | 4,5 | 2,1 | 15,4 | 22,8 | 25,3 | 19,0 | 14,0 |
6 – Livros, jornais, rev. e papelaria | -10,4 | 2,8 | -7,1 | 5,1 | 34,8 | 9,7 | 25,4 | 9,2 |
7 – Equip. e mat. para escritório, informática e comunicação | -4,7 | 1,9 | 0,1 | 4,1 | 7,6 | 5,7 | 4,6 | -1,1 |
8 – Outros arts. de uso pessoal e doméstico | 1,4 | -1,8 | -0,6 | 14,8 | 5,4 | 0,7 | 9,7 | 10,2 |
COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO (3) | 1,2 | 1,7 | -0,9 | 18,8 | 15,9 | 13,6 | 15,9 | 14,2 |
9 – Veículos e motos, partes e peças | 0,8 | 0,6 | -3,2 | 14,7 | 17,7 | 8,6 | 17,4 | 19,3 |
10- Material de construção | -1,6 | 0,3 | -0,2 | 3,5 | 5,7 | 0,8 | 6,6 | 10,2 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio. (1) Séries com ajuste sazonal. |
A atividade de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria apresentou aumento de 11,0% nas vendas frente a junho de 2021, oitavo mês consecutivo registrando aumento. O setor contribuiu com 1,2 p.p. do total da taxa global (-0,3%), maior influência no campo positivo dentre as seis atividades que tiveram crescimento. A comparação interanual para junho de 2022 foi também a segunda maior em magnitude, sendo superada apenas pela variação de janeiro de 2022 em relação a janeiro de 2021 (14,2%). No primeiro semestre de 2022 o setor acumulou 8,4% de crescimento, acima do acumulado até maio 7,9%, indicando intensificação do ritmo de alta. Nos últimos doze meses, o cenário é distinto: 6,5% até maio contra 6,4% até junho, indicando estabilidade no crescimento.
O setor de Combustíveis e lubrificantes registrou alta de 7,8% nas vendas frente a junho de 2021, quinto resultado no campo positivo em sequência (fevereiro: 0,1%; março: 12,3%; abril: 9,8%; e maio: 7,2%). Em relação ao acumulado no ano até junho, ao passar de 4,5% até maio para 5,0% no mês de referência, a atividade mostra aumento de ritmo. Em contrapartida, o resultado acumulado nos últimos 12 meses permaneceu no mesmo patamar: 1,1% até maio e 0,9% até junho de 2022.
O resultado interanual para Livros, jornais, revistas e papelaria foi alta de 2,6% nas vendas de junho de 2022 ante o mesmo mês de 2021. Este foi o segundo mês que o setor apresenta crescimento para este indicador: em maio de 2022 o resultado tinha sido 25,8% quando comparado a maio de 2021. No semestre o acúmulo foi de 18,4%, menor que o resultado acumulado até maio (21,3%), indicando perda de ritmo. Nos últimos doze meses o resultado foi 4,0% até junho, menor em 0,9 p.p. com relação ao resultado até maio (4,9%).
A atividade de Tecidos, vestuário e calçados subiu 2,2% frente a junho de 2021. Tal resultado é o sexto no campo positivo para o setor e o quarto em uma sequênica descrecente de valores: 81,3% em março; 33,9% em abril; 8,5% em maio; e 2,2% em junho. O primeiro semestre de 2022 acumulou 17,2% de crescimento com relação ao mesmo período de 2021, resultado abaixo do encontrado nos cinco primeiros meses do ano: 21,4%. Nos últimos doze meses, o cenário também indica desaceleração: 12,9% até maio contra 9,3% até junho.
O setor de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com a entrada dos dados de junho de 2022, reverteu resultado negativo registado em maio, em relação ao indicador interanual: 1,5% nas vendas em junho de 2022 frente a junho de 2021, contra queda de 0,5% em maio de 2022 em relação a maio de 2021. Em termos de resultado acumulado nos últimos doze meses, ao passar de -1,5% até maio para -1,1% em junho, o setor mostra diminuição de intensidade de queda.
O grupamento de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação apresentou aumento de 1,4% nas vendas, frente a junho de 2021, contra 2,1% em maio de 2022, frente a maio de 2021. O acumulado no ano foi 0,7% ante o mesmo período de 2021, no mesmo patamar do acumulado até maio: 0,5%. O acumulado em doze meses foi de -4,1% até maio para -4,3% em junho.
A atividade de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos, entre outros, teve a segunda queda no indicador interanual: -7,2% em maio de 2022 frente a maio de 2021 e -11,4% em junho ante o mesmo mês de 2021. A atividade deu a principal contribuição negativa à taxa global, somando -1,6 p.p. ao total de -0,3% do varejo. Com isso, o setor acumula -2,8% no ano, abaixo do acumulado até maio (-0,9%). O acumulado em doze meses passou de 1,6% em maio para -0,8% em junho, primeira taxa negativa desde julho de 2020 (-0,8%).
Já no caso de Móveis e eletrodomésticos, o setor apresentou queda de 14,7% nas vendas frente a junho de 2021, terceiro resultado negativo consecutivo na comparação do mês contra o mesmo mês do ano anterior: -8,7% em abril e -12,5% em maio. Em relação ao acumulado no ano até junho, ao passar de -8,2% até maio para -9,3% no primeiro semestre de 2022, a atividade mostra intensificação de perda de ritmo. O acumulado nos últimos doze meses foi de -14,3% em maio para -15,0% em junho de 2022.
No varejo ampliado, Veículos e motos, partes e peças recuou 7,1% frente a junho de 2021, invertendo a trajetória do mês anterior (0,8%). A atividade deu a contribuição negativa mais intensa, entre os dez setores que compõem o indicador, somando -1,7 p.p. ao total de -3,1% do comércio varejista ampliado. No ano, o setor acumula 0,4% em relação ao mesmo período de 2021, resultado inferior ao acumulado até maio (2,1%). O acumulado em doze meses passou de 6,0% até maio para 3,0% em junho, com redução de intensidade de crescimento.
O resultado interanual para Material de construção também foi negativo: -11,4% nas vendas frente a junho de 2021. No entanto, para este setor, a queda em junho representou a terceira consecutiva: -9,9% em abril e -7,7% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Também no acumulado nos últimos doze meses houve acentuação das perdas: -4,1% até abril, -6,4% até maio e -7,7% até junho.
Varejo acumula alta de 1,4% no primeiro semestre
O comércio varejista, no primeiro semestre de 2022, ante o mesmo período de 2021, acumulou crescimento de 1,4%, primeira taxa positiva após resultado de -3,0% no segundo semestre de 2021. Com isso, nos últimos cinco semestres três foram positivos (segundo de 2020: 5,1%; primeiro de 2021: 6,7%; e primeiro de 2022: 1,4%) e dois foram negativos (primeiro semestre de 2020: -3,2%; e segundo de 2021: -3,0%). O varejo ampliado apresentou a mesma trajetória: -7,7% no primeiro semestre de 2020; 4,2% no segundo de 2020; 12,3% no primeiro de 2021; -1,7% no segundo de 2021; e 0,3% no primeiro de 2022.
Em termos setoriais, o primeiro semestre de 2022, na comparação do semestre contra mesmo semestre do ano anterior, registrou crescimento em seis atividades do comércio varejista: Livros, jornais, revistas e papelaria (18,4%); Tecidos, vestuário e calçados (17,2%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (8,4%); Combustíveis e lubrificantes (5,0%); Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (0,7%); e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,4%). Duas atividades tiveram resultados negativos no semestre: Móveis e eletrodomésticos (-9,3%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,8%).
No comércio varejista ampliado, Veículos e motos, partes e peças fechou o primeiro semestre de 2022 no campo positivo (0,4%) enquanto Material de construção apresentou queda (-7,3%).
Vendas caem em 23 Unidades da Federação em relação a maio
Em junho, na série com ajuste sazonal, o comércio varejista variou -1,4% com resultados negativos em 23 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Minas Gerais (-7,7%), São Paulo (-2,5%) e Espírito Santo (-2,5%). Houve texas positivas em quatro das 27 Ufs, com destaque para Paraíba (2,5%), Tocantins (1,0%) e Maranhão (0,4%).
Para a mesma comparação, no comércio varejista ampliado, a variação entre maio e junho de 2022 foi de -2,3% com resultados negativos em 23 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Ceará (-5,2%), Minas Gerais (-4,6%) e Bahia (-4,5%). Por outro lado, pressionando positivamente, figuram quatro das 27 das Unidades da Federação, com destaque para Mato Grosso do Sul (1,2%), Mato Grosso (1,0%) e Pernambuco (0,5%).
Na comparação anual, as vendas sobem em 14 das 27 Unidades da Federação
Frente a junho de 2021, o comércio varejista nacional variou -0,3% com resultados positivos em 14 das 27 UFs, com destaque para: Roraima (13,3%), Alagoas (11,4%) e Mato Grosso do Sul (9,5%). Por outro lado, pressionando negativamente, figuram 13 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Bahia (-5,3%), Goiás (-3,8%) e Acre (-3,6%).
Considerando o comércio varejista ampliado, a variação entre junho de 2022 e junho de 2021 mostrou recuo de 3,1% com resultados negativos em 17 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Bahia (-11,2%), Pernambuco (-11,1%) e Acre (-8,4%). Por outro lado, pressionando positivamente, figuram 10 das 27 Unidades da Federação, com destaque para Mato Grosso do Sul (6,5%), Roraima (4,6%) e Tocantins (4,6%).