Em franco declínio econômico e no caminho incontornável de perder a hegemonia geopolítica para a China, os Estados Unidos estão decididos a intensificar as provocações contra a grande potência asiática, apresentando-a falsamente como um perigo à segurança do Ocidente e semeando tensões no entorno chinês. A visita da presidenta da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, a Taiwan (uma ilha que pertence desde épocas remotas à China e serviu de refúgio à contrarrevolução após 1949) é um passo mais agressivo e perigoso na escalada das provocações e suscitou a vigorosa reação de Pequim. A respeito deste episódio reproduzimos abaixo a declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China:
Beijing, 2 ago (Xinhua) – O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China emitiu nesta terça-feira uma declaração sobre a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à região Taiwan da China. Segue o texto completo da declaração:
No dia 2 de agosto, a despeito da oposição forte e das representações severas da China, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, visitou a região Taiwan da China. É uma violação severa do princípio de Uma Só China e as estipulações dos três comunicados conjuntos China-EUA. Tem impacto severo na base política das relações China-EUA, infringe severamente a soberania e a integridade territorial da China, prejudica severamente a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, e emite um sinal severamente errado às forças secessionistas da “independência de Taiwan”. A China opõe-se firmemente e condena veementemente isso, e já fez as representações severas e protestos fortes contra os EUA.
Existe no mundo apenas uma China, e Taiwan é uma parte inalienável do território da China. O Governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China. É claramente reconhecida pela Resolução 2758 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1971. Desde a fundação da República Popular da China em 1949, 181 países estabeleceram as relações diplomáticas com a China com base no princípio de Uma Só China. O princípio de Uma Só China é um consenso geral da comunidade internacional e uma norma básica de relações internacionais.
Em 1979, os Estados Unidos fizeram um claro compromisso no Comunicado Conjunto sobre o Estabelecimento das Relações Diplomáticas China-EUA de que, “os Estados Unidos da América reconhecem que o Governo da República Popular da China é o único governo legítimo da China. Neste contexto, o povo dos EUA manterá as relações culturais, comerciais e outras relações não oficiais com o povo de Taiwan”. O Congresso dos EUA, como uma parte do governo dos EUA, deveria ter respeitado as políticas de Uma Só China do Governo dos EUA e não efetuado qualquer intercâmbio oficial à região de Taiwan. A China tem-se oposto às visitas dos deputados do Congresso dos EUA à região Taiwan da China e as entidades executivas dos EUA têm a responsabilidade de as impedir. A presidente Nancy Pelosi é a líder incumbente do Congresso dos EUA, e a sua visita e as atividades em Taiwan, de qualquer forma e de qualquer razão, é uma grave provocação política para escalar os intercâmbios oficiais dos EUA com Taiwan. A China não aceita isso de forma alguma e o povo chinês rejeita absolutamente isso.
A questão de Taiwan é a questão central mais importante e sensível nas relações entre a China e os EUA. O Estreito de Taiwan está enfrentando uma nova rodada de tensões e desafios severos, e a razão fundamental reside na alteração repetida do status quo pelas autoridades de Taiwan e pelos EUA. As autoridades de Taiwan procuram a independência, contando com o apoio dos EUA, recusam a reconhecer o Consenso de 1992, praticam a desinicização e promovem “a independência gradual”. Os Estados Unidos mantêm a intenção de usar Taiwan para conter a China, distorcem, obscurecem e esvaziam o princípio de Uma Só China, intensificam os intercâmbios oficiais com Taiwan e respaldam as atividades secessionistas da “independência de Taiwan”. Tudo isto são atos muito perigosos como se brincasse com o fogo, e quem brinca com o fogo acaba se queimando.
A posição do governo e do povo chinês em relação à questão de Taiwan é consistente. A defesa da soberania nacional e integridade territorial é a vontade firme de mais de 1,4 bilhão do povo chinês. A realização da reunificação completa é a aspiração comum e a responsabilidade nobre de todos os filhos da nação chinesa. A vontade do povo não pode ser desafiada, a tendência dos tempos não pode ser revertida. Nenhum país, força e indivíduo deve estimar de maneira errada a determinação firme, vontade forte e capacidade grande do governo e do povo chinês para defender a soberania nacional e integridade territorial e realizar a reunificação e a revitalização da nação chinesa. A China tomará todas as medidas necessárias e defenderá resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial para responder à visita da presidente Nancy Pelosi. Todas as consequências decorrentes devem ser responsáveis pelos Estados Unidos e pelas forças secessionistas da “independência de Taiwan”.
A China e os EUA são duas grandes potências. A maneira correta do desenvolvimento das relações China-EUA reside só em respeito mútuo, coexistência pacífica, não confrontação e cooperação de ganhos compartilhados. A questão de Taiwan é puramente um assunto interno da China, e nenhum país tem o direito de ser juiz da questão de Taiwan. A China exorta veementemente os EUA a parar de jogar às “cartas de Taiwan” e de usar Taiwan para conter a China, parar de se intrometer nos assuntos de Taiwan e de interferir nos assuntos internos da China, parar de apoiar e ser conivente com as forças secessionistas da “independência de Taiwan” em qualquer forma, parar de agir ao contrário das palavras, e parar de distorcer, obscurecer e esvaziar o princípio de Uma Só China. A China insta os EUA a tomar ações concretas para cumprir efetivamente o princípio de Uma Só China e as estipulações dos três comunicados conjuntos China-EUA, honrar efetivamente os compromissos dos “cinco nãos” por líder dos EUA (a saber, os EUA não buscam a “nova Guerra Fria”, não buscam alterar o sistema da China, a revitalização da sua aliança não é contra a China, não apoiam a “independência de Taiwan” e não buscam incitar conflitos com a China), e não ir mais longe neste caminho errado e perigoso.
Ilustração: anovaeraonline