O Dieese divulgou segunda-feira (4), o Estudos e Pesquisas 102 – Balanço das greves de 2021. O levantamento realizado pelo Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG) do órgão registrou 721 greves ao longo do ano passado. Os trabalhadores da esfera privada deflagraram 468 greves (65% do total anual), contabilizando cerca de 16 mil horas paradas.
Nos últimos dois anos (2020-2021), foi identificada uma preponderância das greves no setor privado. Essa predominância está relacionada à mobilização de algumas categorias que, durante os momentos mais letais da pandemia da Covid-19 (devido ao caráter essencial do serviço), não puderam contar com recursos utilizados em outros setores, como férias coletivas, suspensão temporária de contratos, redução de jornada e salário e exercício remoto do trabalho.
Regularização de salários
Chama atenção a enorme quantidade de greves encampadas principalmente por trabalhadores menos qualificados, empregados por empresas prestadoras de serviços terceirizados, que exigem a regularização dos salários há meses em atraso.
Trabalhadores que atuam no asseio e conservação, na prestação de serviços gerais, e técnicos e auxiliares de enfermagem encontram-se, com frequência, na liderança de greves desse tipo.
Mobilização contra privatização
Em 2021, foram cadastradas 53 greves (7% do total anual), que paralisaram por quase cinco mil horas as atividades nas empresas estatais.
O avanço (ou a ameaça) de privatização foi o fator de maior destaque nas mobilizações dos trabalhadores das empresas estatais – bancários, petroleiros, urbanitários (empresas de fornecimento de água e energia elétrica), e trabalhadores do transporte (portuários e metroviários).
Reforma administrativa
Nos três níveis administrativos do funcionalismo público foram registradas 196 greves (27% do total anual), que contabilizaram mais de 11 mil horas paradas. A entrada no debate político nacional de projetos de reforma administrativa do Estado (que envolve questões salariais, como reajustes, promoções, gratificações, e contratuais, como estabilidade), foi um dos principais estímulos à mobilização.
A demanda por reajuste salarial trazida pelas greves dos servidores públicos, principalmente no segundo semestre de 2021, aponta para perdas inflacionárias que se acumulam há anos e queixas contra o aumento no custo de vida.
As mobilizações são deflagradas, principalmente, por trabalhadores cujas categorias são as mais volumosas e as menos remuneradas (profissionais do ensino básico, na Educação, e profissionais da enfermagem, na Saúde).
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Fonte: Dieese