O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, está sendo investigado pelo Ministério Público Federal, após graves denúncias feitas por empregadas do banco público. O caso veio à público na noite desta terça-feira (28) e ganhou rapidamente repercussão nacional. Nesta quarta-feira (29), ele foi afastado e quem assume a presidência é Daniella Marques, que até então era secretária Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia.
As denúncias são estarrecedoras. As empregadas relatam toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites incomuns e desrespeitosos. Assédio sexual é crime. Portanto, o caso não pode se resumir apenas à saída do executivo da presidência da instituição financeira.
Agora, fica a expectativa de como a Procuradoria Geral da República (PGR), que tem blindado o presidente e figuras do alto escalão do governo, vai se comportar diante de uma situação tão grave. Não é de hoje que Pedro Guimarães é acusado de cometer assédio. As informações são de que a prática é rotina no prédio da Matriz, em Brasília, tornando o ambiente de trabalho extremamente tóxico. Aliás, o modelo de gestão assediadora se reproduz pelas Superintendências de todo o Brasil. As denúncias são inúmeras.
O movimento sindical exige apuração rigorosa das denúncias, destaca a necessidade da proteção institucional irrestrita e imediata e se solidariza com as vítimas.
Veja alguns dos relatos das vítimas:
“Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele.”
“Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não.”
“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange.”
“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro (do quarto) e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico.”
“Ele abriu a porta com um short, parecia que estava sem cueca. Não estava decente. A sensação que tinha era que estava sem (cueca). Muito ruim a sensação.”
“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas.”
“Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater.”
“Ele veio e enfiou o celular e o cartão no meu bolso e falou: ‘Eu vou botar aí na frente’. Na hora, não tive reação. Pensei: ‘Botar na frente? Fiquei meio assim…”
“Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso.”
“Hoje ainda trabalho nas agendas de vez em quando. Mas tento não ficar perto. Quando tenho que viajar, tenho crise de ansiedade.”
“Aí ele disse: me abraça direito, porra. E deu umas catracadas, e passou a mão em mim. Na hora de tirar a mão, passou a mão no meu peito.”
“A gente tinha muito receio, porque a corda arrebenta sempre do lado mais fraco, porque em qualquer lugar em que vá essa denúncia ele pode ter um infiltrado. E isso afeta o resto do meu encarreiramento, no aspecto profissional. Então, era melhor esperar passar.”
Fonte: Seeb Chapecó com Contraf e Sindicato da Bahia