Vítimas da política fiscal restritivas do governo federal, fundada num fictício Teto de Gastos, trabalhadores e trabalhadoras do setor público lideram o movimento grevista observado no governo Bolsonaro.
Dados elaborados pelo Dieese indicam que nos 12 meses entre abril de 2021 e março de 2022, o funcionalismo público realizou 378 greves, ou 42,5% das paralisações do período. De abril a julho, os servidores foram responsáveis por 26% das paralisações; de agosto a novembro, responderam por 35%; e de dezembro de 2021 a março desse ano, por 57%.
No período considerado, o reajuste dos salários fez parte das reivindicações de mais da metade das greves dos servidores (52%); pagamento dos pisos salariais esteve presente em 37% da pauta; o plano de cargos e salários respondeu por 25% das demandas, seguido de perto pelas reivindicações relacionadas às condições e às ferramentas de trabalho (22%).
De abril a julho de 2021, cerca de 30% das greves mencionaram o reajuste salarial. No quadrimestre seguinte, de agosto a novembro, no entanto, esse item tornou-se o mais importante, presente na maioria das mobilizações (57%). No último quadrimestre, a participação dessa demanda continuou a mesma (57%).
O crescimento das reivindicações pelo reajuste dos salários está relacionado não só ao expressivo aumento no custo de vida, mas a diversos projetos de reforma administrativa que dificultam a reposição inflacionária nos salários e as promoções nas carreiras. Em relação à reivindicação pelo piso salarial, os dois primeiros quadrimestres do período considerado repetiram a mesma baixa participação (11%).
De dezembro de 2021 a março de 2022, no entanto, a reivindicação esteve presente na maioria das greves (54%). O aumento do número de greves pelo piso tem a ver com o não pagamento do reajuste estabelecido em lei (atualizado em fevereiro para 33,24%), devido aos profissionais docentes da educação básica.
Fonte: Caderno de Negociações número 54 do Dieese