Por Altamiro Borges
Os bolsonaristas não devem ter gostado muito das notícias mais recentes vindas da Bolívia e dos EUA. No país vizinho, a Justiça condenou a golpista Jeanine Añez a 10 anos de prisão por tramar a deposição do presidente Evo Morales em 2019. A sentença foi proferida na sexta-feira (10). Ela já está presa em La Paz há 15 meses junto com vários generais bandidos.
Já nos EUA, o fascista Donald Trump foi acusado por uma comissão parlamentar de inquérito de “orquestrar” a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A ação terrorista resultou em cinco mortes, em dezenas de feridos e centenas de processos judiciais. O ex-tutor de Jair Bolsonaro foi acusado formalmente de liderar uma “tentativa de golpe”. Ambos os casos evidenciam que a vida dos golpistas não está tão fácil assim… fora do Brasil.
Na Bolívia, informa a agência Reuters, “a ex-presidente interina Jeanine Áñez foi considerada culpada por ter organizado um golpe de Estado no país da América Latina em 2019. Ela foi acusada de ter assumido a presidência de forma inconstitucional… Em agosto passado, a Procuradoria-Geral do país apresentou também uma acusação contra Jeanine Áñez por genocídio e outros crimes devido à morte de cerca de 20 manifestantes contrários ao seu governo”.
Acusação falsa de fraude na eleição
Já no processo judicial dos EUA, os resultados serão mais demorados. Segundo informa a britânica BBC, a comissão de inquérito apenas apresentou provas mais robustas contra o golpista, mas a punição demandará mais tempo. “Segundo os investigadores, Trump fez acusações de fraude na eleição de 2020 sabendo que elas eram falsas e incitou manifestantes a agirem de forma violenta com objetivo de um golpe de Estado”.
O resultado preliminar do inquérito foi apresentado na sexta-feira (10) e teve forte impacto na sociedade. “A acusação foi feita na primeira sessão televisionada da investigação realizada ao longo de 11 meses, num evento sem precedentes na política dos Estados Unidos”. Ela foi transmitida em horário nobre pelas três maiores redes de TV aberta, além de todos os canais fechados de notícia – exceto pela trumpista Fox News.
“Políticos do Partido Democrata (do presidente Joe Biden) e dois do Partido Republicano (de Donald Trump) que integram o comitê de investigação têm insistido que é importante apresentar o trabalho de apuração à população americana, tanto para fins de registro histórico quanto para estabelecer as bases de ações legislativas que possam proteger a democracia de futuros ataques”, descreve a reportagem da BBC.
Vídeos provam a violência dos fanáticos
Durante a sessão, o presidente da comissão parlamentar de inquérito, o democrata Bennie Thompson, afirmou que há provas concretas de que Donald Trump organizou pessoalmente o ataque ao Capitólio. “Ele estava tentando impedir a transferência pacífica de poder… Donald Trump estava no centro dessa conspiração”. Vários vídeos impactantes foram exibidos durante a histórica sessão no Congresso dos EUA.
“Câmeras de segurança, de jornalistas e manifestantes registraram o passo a passo dos atos: a depredação na sala da presidente da Câmara, enquanto seus auxiliares se escondiam; o avanço dos manifestantes que gritavam ‘enforquem Mike Pence’, enquanto o então vice-presidente e sua família eram levados para um esconderijo seguro no prédio; o desespero de parlamentares que se lançaram ao chão de um dos plenários, cercado por manifestantes; os atos heroicos de agentes de segurança que chegaram a, sozinhos, conter e dispersar dezenas de invasores”.
Na ocasião, mais de 700 trumpistas foram presos e indiciados por crimes como invasão e destruição de propriedade pública e lesão corporal a policiais. Cerca de 70 fanáticos já foram julgados e 31 deles – entre os quais Jacob Chansley, que ficou conhecido mundialmente pelos adornos de chifre que usava enquanto desfilava pelas salas congressuais — cumprem pena em cadeias pelo país. Ainda segundo a BBC, “a comissão soma até agora mais de mil depoimentos como parte de sua investigação”. Outras revelações bombásticas devem ocorrer nas próximas semanas.
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