Preços da cesta básica sobem até duas vezes mais que a inflação oficial, mas mesmo assim, no Rio Grande do Sul, o reajuste do salário-mínimo regional segue em compasso de espera desde fevereiro.
“O problema é que a fome não espera”, disse o presidente da CTB RS, Guiomar Vidor, que tem insistido para que o governo do Estado encaminhe um projeto de reajuste de 15,5% para o salário-mínimo gaúcho; este índice contempla a inflação de 2021 mais 4,5% que não foram repassados no ano passado para o piso gaúcho. São mais de 1,5 milhão de trabalhadores e trabalhadoras que dependem desse reajuste para recuperar parte da sua renda perdida para a escalada da inflação.
Em Porto Alegre a cesta básica está em R$ 768,76, com aumento de 12,57% no ano e 20,69% nos últimos 12 meses.
Aumento dos preços
Os preços médios da cesta básica subiram em todas as cidades no acumulado do ano, segundo os resultados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo DIEESE. E em 12 meses chegam a aumentar até duas vezes mais que a inflação.
As exceções no mês passado foram registradas em Belém (2,99%), Recife (2,26%) e Salvador (0,53%). As principais quedas foram apuradas pelo Dieese em Campo Grande (-7,30%), Brasília (-6,10%), Rio de Janeiro (-5,84%) e Belo Horizonte (-5,81%).
De janeiro a maio, a cesta aumentou de 5,47% (Vitória) a 13,56% (Curitiba), passando por 12,66% em São Paulo, onde está mais cara: R$ 777,93. A de menor valor é a de Aracaju (R$ 548,38). Em 12 meses, o preços subiram de 13,17% (novamente Vitória) a 23,94% (Recife), e 22,24% na capital paulista. A inflação oficial (IPCA) está em 12,13%.
Assim, com base na cesta mais cara, o Dieese calcula em R$ 6.535,40 o salário-mínimo nacional necessário para as despesas básicas de uma família de quatro pessoas. Isso corresponde a 5,39 vezes o mínimo oficial (R$ 1.212,00). Essa proporção foi de 5,57 vezes em abril e de 4,86 há um ano.
Quase 60% da renda
Ainda segundo o Dieese, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 120 horas e 52 minutos, menos do que em abril (124 horas e 8 minutos). E bem mais do que em maio de 2021 (111 horas e 37 minutos). Quem ganha salário-mínimo comprometeu, em média, 59,39% do rendimento líquido para comprar os produtos da cesta – 61% em abril e 54,84% um ano atrás.
O preço do quilo do pão francês subiu em todas as cidades pelo segundo mês seguido. A farinha de trigo, pesquisada no Centro-Sul, também teve alta. “A baixa disponibilidade interna do grão, a menor produção de trigo na Argentina e na Ucrânia e a preocupação com a menor oferta mundial resultaram em aumento dos preços, com repasse para a farinha e o pão francês”, diz o Dieese.
O leite integral também teve aumento nas 17 capitais. “O crescimento da exportação, a queda nas importações e a entressafra reduziram a quantidade de leite disponível e influenciaram a valorização dos derivados lácteos, como o queijo muçarela e o leite UHT”, informa o instituto. A farinha de mandioca (Norte/Nordeste) também aumentou, assim como o quilo do café. O preço do feijão subiu em 12 capitais.
Já o do tomate só não caiu em Belém. Chegou a ter redução de 40,04% em Campo Grande e 37,77% no Rio. “A maior oferta do fruto deve-se ao avanço da safra de inverno e à rápida maturação.”