Por Adilson Araújo, presidente da CTB
O Brasil está sendo castigado por uma tragédia econômico, social, ambiental e política. Carestia, desemprego, fome, desmatamento recorde e ameaças reiteradas à democracia compõe o sombrio cenário nacional. O grande responsável por tantas desgraças tem um nome, Jair Bolsonaro. Mas o presidente mentiroso continua fingindo que não tem culpa no cartório e, tendo em vista o pleito de outubro, faz jogo de cena para ludibriar o eleitorado.
A mudança no Ministério das Minas e Energia é a farsa mais recente que está encenando. A substituição do almirante Bento Albuquerque pelo neoliberal Adolfo Sachsida, apadrinhado de Paulo Guedes, não muda uma vírgula na política de preços dos combustíveis. É como trocar seis por meia dúzia. Mas o burburinho em torno do fato serve para enganar palermas, que infelizmente proliferam nesse tempo obscuro da “pós-verdade”.
A primeira providência de Sachsida foi defender a entrega da Petrobras aos capitalistas estrangeiros. Em sua opinião, que reflete os interesses da oligarquia financeira internacional, a privatização cobra urgência.
“Meu primeiro ato como ministro de Minas e Energia é solicitar ao ministro Paulo Guedes, presidente do conselho do PPI, que leve ao conselho a inclusão da PPSA no PND (Plano nacional de Desestatização) para avaliar as alternativas para a sua desestatização. Ainda como parte do meu primeiro ato, solicito também o início dos estudos tendentes a proposição das alterações legislativas necessárias a desestatização da Petrobras”, declarou o ministro.
O pedido soou como música nos ouvidos do rentista Guedes, que no mesmo dia tratou de anunciar aos meios de comunicação, ao lado do novo ministro, que vai determinar à Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos a inclusão da Pré-sal Petróleo SA (PPSA) e da Petrobras no programa de desestatização.
Acrescentou que será publicada ainda nesta quinta-feira (12) uma resolução ad referendum do conselho do PPI autorizando os estudos de privatização das estatais. Mas decidiu interromper a entrevista depois que funcionários da União, em luta contra o congelamento dos salários e presentes no encontro com os jornalistas, gritaram: o governo “destruiu o patrimônio do povo brasileiro, ministro” e alertaram que as privatizações da Petrobras e da PPSA seriam um novo “golpe” contra o patrimônio público.
Convém recordar que a Petrobras foi criada, em 1953, durante o governo de Getúlio Vargas, após a histórica campanha nacional “O petróleo é nosso”. Fruto da luta, que desde então contou com forte oposição do capital estrangeiro, a empresa é um patrimônio do povo brasileiro, um símbolo e uma trincheira da soberania nacional. Agora que o Brasil descobriu o pré-sal, o apetite das multinacionais cresceu e os entreguistas ficaram mais assanhados e ousados no governo da extrema direita.
A experiência no Brasil mostra que após a privatização os preços sobem. Não seria diferente com a Petrobras e é o que ocorreria também com a conta de luz se a energia elétrica fosse completamente submetida aos interesses dos capitalistas privados, que só se orientam por um objetivo: a maximização dos lucros.
Todavia, neste mesmo rumo entreguista, Adolfo Sachsida revelou a intenção de apressar a entrega da Eletrobras (disfarçada de “capitalização”), pressionando os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) que estão analisando uma ação contra a privatização e estariam protelando a venda. “Precisamos dar prosseguimento ao processo de capitalização da Eletrobras. É fundamental avançarmos no projeto, sinal importante para atrair mais capital ao Brasil e mostrar que o Brasil é o porto seguro do investimentos”, afirmou.
O pupilo do rentista Paulo Guedes sequer mencionou a política de preços da Petrobras, razão aparente para a troca de guarda no Ministério das Minas e Energia, sinalizando que não pretende promover mudanças neste sentido. A preocupação maior do presidente mentiroso é fingir que alguma coisa está sendo feita para arrefecer a ira que cresce entre os consumidores de combustíveis, e especialmente no meio dos caminhoneiros, categoria que lhe rendeu muitos votos em 2018. Certamente ele pensa que são todos trouxas.
O que não falta hoje no Brasil são especialistas que condenam a política de preços adotada pela direção da Petrobras, denunciando que serve apenas aos propósitos de acionistas privados (principalmente estadunidenses) e advogam uma outra política. Cabe a singela pergunta: por que o presidente mentiroso não indicou alguém deste time e optou por manter a orientação neoliberal?
Tão simples como a pergunta é a resposta. Bolsonaro é um político comprometido com os interesses dos grandes capitalistas e latifundiários. Foi esta a razão pela qual colocou o banqueiros Guedes, que chamou de “o meu posto Ipiranga”, à frente do Ministério da Economia. O farsante já defendeu publicamente a entrega da Petrobras e também está destruindo o Direito do Trabalho sob o pretexto de combater o desemprego e facilitar a contratação de mão-de-obra.
Mentir de cara limpa é uma arte na qual o atual presidente do Brasil parece insuperável. Segundo o site Aos Fatos, especializado em checagem de notícias, Jair Bolsonaro deu 5.145 declarações falsas ou distorcidas desde que assumiu a presidência da República até o último 1º de abril – Dia da Mentira.
Como reza a frase atribuída a Abraham Lincoln “pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”. A máscara de Jair Bolsonaro não vai resistir aos ventos de outubro. O presidente mentiroso será derrotado nas urnas e muito provavelmente terá por merecido destino a cadeia.