Você sabia que hoje, 28 de abril, é Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho? A escolha dessa data não foi por acaso. Um dos mais trágicos acidentes de trabalho de que temos notícia ocorreu justamente num dia 28 de abril, no ano de 1969.
Naquela data, 99 trabalhadores estavam numa mina de carvão, nos Estados Unidos, quando houve uma grande explosão. Apenas 21 desses trabalhadores conseguiram ser resgatados. Os outros 78 morreram. As autoridades só conseguiram retirar seus corpos do local no ano seguinte – e, mesmo assim, não localizaram 19 trabalhadores.
Infelizmente, acidente de trabalho dessa dimensão não é coisa do passado. O rompimento da barragem de Mariana, em 2015, deixou 19 mortos. Já a tragédia de Brumadinho, em 2019, foi ainda pior, com 270 mortos, sendo seis desaparecidos.
Os problemas tampouco se limitam às grandes minas e barragens. O Brasil é um dos países com os mais altos índices de afastamentos do trabalho. Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social, as indústrias, em geral, registram milhares de acidentes de trabalho por dia – ou mais de 700 mil no ano. Cerca de 5% desses acidentes provocam incapacidade permanente.
Com a pandemia de Covid-19, os trabalhadores ficaram ainda mais sujeitos a doenças físicas e psicológicas. Há cada vez mais relatos de metalúrgicos e outros trabalhadores da indústria com stress, transtorno ou depressão. Entre as doenças físicas, sobram casos de ferimentos, fraturas e traumatismos, sobretudo no punho e na mão.
Boa parte dessas doenças é decorrente de acidentes graves (e evitáveis!), como choques elétricos, queimaduras, intoxicação e cortes, perfuração e até esmagamento de membros do corpo (especialmente as mãos). Portanto, a insalubridade e a insegurança no local de trabalho são generalizadas.
Todos os acidentes e todas as doenças de trabalho devem ser notificados à empresa, às Cipas (onde houver) e ao sindicato. Além de buscar sua recuperação e reparação, o trabalhador que denuncia vai ajudar a melhorar as condições gerais de trabalho e prevenir outros acidentes.
O movimento sindical deve lutar por empregos, bons salários e direitos – mas não pode abrir mão da segurança no trabalho. Neste dia que homenageia as vítimas de acidentes e doenças, lembremos que essa luta avançou – mas não pode parar. Quem trabalha merece respeito, segurança e dignidade.
* Alex Custodio é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região
** Rogério Djalma é membro do Departamento de Saúde do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região