Por Carlos Rogério Nunes*
Acontece entre os dias 26 e 30 de abril de 2022 o Fórum Social das Resistências em Porto Alegre – RS. A edição desse FSR está sendo construída por várias organizações populares, movimentos sociais e centrais sindicais. Essa articulação iniciou em 2017 e vem numa crescente. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) está participando de várias atividades, assim como mobilizando sua militância e entidades filiadas para participarem do FSR de 2022.
O ano de 2022 marca o 20º aniversário do 1º Fórum Social Mundial – FSM, realizado também na cidade de Porto Alegre. Além de manter o tema de sua fundação – Outro mundo é possível – o atual FSR de 2022 levanta a bandeira da democracia como pressuposto da defesa dos direitos dos povos e do planeta.
É importante destacar que o primeiro FSM foi realizado por vários movimentos sociais que mobilizaram manifestações antiglobalização e contra o neoliberalismo ao redor do mundo nos anos de 1998 a 2002. Foi um movimento de contestação e culminou com uma grande reunião dessas organizações sociais em oposição ao encontro anual do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, Suíça.
Os primeiros anos do FSM foram de intenso debate entre os movimentos sociais que buscavam um outro mundo, uma alternativa que se contrapusesse o modelo global neoliberal. Várias iniciativas de caráter governamental foram realizadas. Na América latina, vários governos populares buscaram essa possibilidade. Governos como os de Hugo Chaves na Venezuela, Néstor e Cristina Kirchner na Argentina, Evo Morales na Bolívia, Lula e Dilma Rousseff no Brasil, Tabaré Vázquez e José Mujica no Uruguai e Rafael Correa no Equador foram exemplos dessa nova construção democrática e popular. Porém, veio a grande crise do subprime norte-americano dos anos 2007 e 2008. As consequências dessa crise foram as mesmas medidas neoliberais do final dos anos 1990, principalmente na América Latina. E junto com essa viragem neoliberal veio uma onda neoconservadora, que em alguns países dava sinais de neofascismo. Os movimentos sociais perderam terreno nessa disputa e diminuíram a intensidade de suas mobilizações.
O certo é que continuamos numa crise sistêmica. Os problemas ambientais continuam e crescem em todo o planeta. A economia não retoma um desenvolvimento sustentável, não há diminuição da pobreza e se mantém e se amplia o desemprego. Os direitos sociais estão sendo retirados. Vários países do mundo sofrem com golpes de Estado que derrubam governos democraticamente eleitos. A democracia é ameaçada.
Justamente nesse momento se faz necessário a defesa da democracia. Para que os movimentos sociais se rearticulem contra todas essas crises é imperioso um amplo movimento de resistência. Transformar esses movimentos numa massiva e ampla mobilização global para eliminar esse modelo neoliberal, neoconservador e antidemocrático se faz urgente.
Veja a programação completa:
fsr2020v9*Carlos Rogério de C. Nunes é secretário adjunto de Políticas Sociais da CTB nacional; graduado em Serviço Social pela UECE, mestre e doutor em Serviço Social pela PUC-SP.