Por André Cintra
Os trabalhadores brasileiros estão pagando a conta da crise econômica e da política ultraliberal do governo Jair Bolsonaro. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a maioria dos reajustes salariais aplicados em março ficou abaixo da inflação acumulada no período.
Para fazer o cálculo, o Dieese se baseou em 231 convenções e acordos coletivos aprovados no mês passado. Os percentuais de reajuste foram, então, comparados com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) – a taxa de inflação usada como referência nas campanhas salariais. No período de um ano até o último mês de março, o INPC fechou em 10,8%.
Porém, conforme o levantamento, 52% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, ampliando uma tendência de arrocho salarial em diversas categorias. Outros 34% dos aumentos salariais corresponderam à reposição da inflação – ou seja, esses reajustes foram exatamente de 10,8%. Por fim, apenas 14% das campanhas tiveram aumento real (acima da inflação).
Ao longo dos três primeiros meses de 2022, 40% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, 31%; tiveram a simples reposição e 29,2% tiveram aumento real. Para as próximas negociações, conforme o Dieese, a tendência é de mais arrocho.
“A inflação elevada e crescente ainda é fator negativo para o desempenho das negociações salariais no Brasil”, analisa a instituição. “Com a elevação dos preços em 1,71% em março, sempre segundo o INPC, o valor do reajuste necessário para as categorias com data-base em abril será de 11,73%, o mais alto no período analisado.”
Fonte: Vermelho