Há 58 anos, na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 1964, um golpe contra o Estado Democrático de Direito depôs o presidente João Goulart e inaugurou o criminoso regime militar brasileiro (1964-1985). Os prejuízos ao País são até hoje imensuráveis.
Lamentavelmente, o governo Jair Bolsonaro continua a mentir, tergiversar e nos ofender quando trata do mais longo ciclo autoritário de nossa República. A nota divulgada nesta quinta-feira (31) pelo Ministério da Defesa é parte dessa tentativa de manipular os fatos e confundir a opinião pública. Ao contrário do que escreve o ministro Walter Braga Netto, signatário da nota, não é verdade que o golpe de 64 deixou “um legado de paz, de liberdade e de democracia”. Tampouco a ditadura representou um período de “estabilização, segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político”.
Na realidade, a democracia foi crivada por uma série de cassação de mandatos, suspensão de direitos políticos, perseguições a opositores, bipartidarismo e fim de eleições diretas a presidente. Entidades combativas foram postas na ilegalidade ou sofreram intervenções. Houve censura, prisões arbitrárias, torturas, mortes e ocultação de cadáveres. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, a ditadura deixou ao menos 434 mortos ou desaparecidos políticos no Brasil.
Apesar do crescimento econômico, o regime entregou um país mais dependente, com elevado endividamento externo e prolongada inflação. A carestia cresceu. Seguidos arrochos salariais diminuíram o poder de compra dos brasileiros. A pretexto, supostamente, de “impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”, os ditadores e seus apoiadores ergueram justamente uma era de arbítrio e terror, com inúmeras violações aos direitos humanos. Os militares, uma vez no poder, afundaram o País. Não foi por acaso que o povo brasileiro saiu às ruas, aos milhões, para pedir Diretas Já e a redemocratização.
Por tudo isso, a Fitmetal repudia as apologias ao Golpe de 64, sobretudo aquelas que tentam reescrever a História. Todo apoio à iniciativa do Ministério Público Federal, que recorreu à Justiça para cobrar a retirada “urgente” da nota farsesca do Ministério da Defesa do governo Bolsonaro. Os golpistas já foram derrotados pelos democratas e foram removidos do poder em 1985. Não passarão!
- Marcelino da Rocha é presidente da Fitmetal