Funcionários do Banco Central decretaram greve a partir da próxima sexta-feira (1º de abril). Analistas e técnicos do Banco Central exigem reajuste salarial e reestruturação de carreira. A paralisação, por tempo indeterminado, foi aprovada em assembleia realizada na 2ª feira (28). Segundo a ANBCB (Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil) e o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), mais de 80% dos cerca de 1.300 funcionários que participaram da reunião votaram pela greve.
Eles se juntam aos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que entraram em greve na quarta-feira (23) reclamando reajuste de 19,99%. De acordo com informações divulgadas por representantes dos funcionários 16 estados aderiram à greve: BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, PA, PE, PR, PI, RN, RS, SC, SP e TO.
Presidente discrimina funcionários
Já na sexta-feira passada (26), funcionários do Tesouro Nacional pararam suas atividades por motivo semelhante. E em assembleia realizada nesta terça-feira (29), eles decidiram paralisar as atividades por mais dois dias. Segundo a Unacon Sindical (sindicato que representa auditores e técnicos federais de Finanças e Controle), os salários dos trabalhadores estão congelados há três anos.
É grande e crescente a revolta entre trabalhadores e trabalhadoras do setor público com a política de arrocho seletivo adotada pelo governo de Jair Bolsonaro. No fim do ano passado, o presidente anunciou aumento de salário para policiais federais e rodoviários, categorias do funcionalismo que ele julga mais suscetíveis de aderir às suas ideias neofascistas e campanha pela reeleição. As demais seriam sacrificadas no altar da política fiscalista, ficando com os salários congelados numa conjuntura marcada por uma inflação superior a dois dígitos, ou seja, condenados ao arrocho.
A verdade é que até o momento nem mesmo para os policiais o reajuste foi concretizado. De todo modo, a conduta discriminatória do líder da extrema direita alimentou a insatisfação e a revolta dos servidores, sufocados pela política de congelamento dos gastos públicos e forte depreciação do valor real (ou poder de compra) dos salários.
Os funcionários do Banco Central já estavam fazendo paralisações diárias de quatro horas desde 17 de março, o que vinha atrasando a divulgação de informações relevantes para os agentes econômicos como as do Relatório Focus, o resultado do questionário pré-Copom, o fluxo cambial e a apuração diária da ptax (taxa de câmbio de referência do BC).