Estudo publicado na Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, da Fundacentro, órgão governamental de pesquisa em saúde e segurança do trabalho, revela que a mortalidade por acidentes de trabalho no Brasil atinge mais homens, negros, índios e pessoas com baixa escolaridade.
Outro dado apontado pelo estudo é que a incidência das mortes por acidente de trabalho é maior nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A pesquisa, que tem como base o período de 10 anos (de 2006 a 2015) a partir de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM, do Ministério da Saúde) e do IBGE, analisou trabalhadores formais e informais, e alerta ser possível que os acidentes de trabalho relacionados aos trabalhadores informais ainda sejam subnotificados, revelando uma realidade ainda mais brutal no país.
Escolaridade
No Brasil, a mortalidade de trabalhadores com menos de oito anos de estudo foi 15 vezes superior à daqueles com 12 anos de estudo ou mais.
Entre de 2006 a 2015, morreram oficialmente 33.480 pessoas por acidente de trabalho. E mais, 95% dos óbitos foram de homens, 44% não tinham instrução formal ou ensino fundamental incompleto e 23% com fundamental completo ou médio incompleto.
“De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 60% dos trabalhadores que estão no mercado de trabalho informal têm baixo nível de escolaridade (sem instrução e fundamental incompleto), ou seja, mais anos de estudo podem significar uma melhor inserção no mercado de trabalho”, indicou a pesquisa.
Os pesquisadores também lembraram que a “população de trabalhadores que está no mercado informal é marcada pela precariedade das condições de trabalho e de vida, a negação dos princípios de cidadania, a perpétua reprodução da pobreza e das desigualdades sociais”.
Mulheres
A pesquisa ainda sinaliza que alguns grupos e regiões mostraram tendência de crescimento, inclusive entre as mulheres. Os dados revelaram alta entre mulheres acima dos 60 anos na região Centro-Oeste em todas as regiões.
Além disso, o estudo mostra que países com maior taxa de igualdade de gênero computam menos mortes. Na Noruega, são 3,2 óbitos a cada 100 mil trabalhadores entre os homens e 1 entre as mulheres. Na Suécia, 2,1 e 0,3, respectivamente. No Brasil, essas taxas são de 11,9 (homens) e 1,2 (mulheres). Na Argentina, 11,4 e 0,6.
Cenário mundial
No mundo, um trabalhador morre por acidente de trabalho ou doença laboral a cada 15 segundos. De 2012 a 2020, 21.467 desses profissionais eram brasileiros — o que representa uma taxa de 6 óbitos a cada 100 mil empregos formais nesse período, aponta o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Entre os países do G20, o Brasil ocupa a segunda colocação em mortalidade no trabalho, apenas atrás do México (primeiro colocado), com 8 óbitos a cada 100 mil vínculos de emprego entre 2002 e 2020.
Fonte: Sintaema