Por Professora Francisca (Arte: Pomba da Paz, de Pablo Picasso)
“Toda guerra é burra”, já disse o escritor colombiano Gabriel García Márquez. E disse isso porque os senhores da guerra fazem de tudo para dominar o mundo para concentrar todo o poder e todas as riquezas para seus interesses. A guerra, portanto, só interessa aos poderosos para ganharem mais dinheiro às custas da vida de milhões de trabalhadoras e trabalhadores.
Fazem guerra por causa de petróleo, de água, de minérios, enfim de produtos para saciar a sua sede de poder, riqueza e dominação.
À maioria do planeta, que vive do trabalho, só interessa a paz. A paz, a liberdade, a democracia, como formas de crescer na vida através da educação e da luta por direitos iguais a todas as pessoas.
Mas o mundo assiste os inimigos da paz e da vida, pregando a morte, a destruição. Muitas vezes em nome da democracia ou de Deus, cometem as maiores atrocidades. A pandemia desnudou a hipocrisia de setores da sociedade que falam muito, mas fazem muito pouco pela salvação do planeta, pela vida e pela paz.
Pregam contra a ciência, contra a cultura, contra o serviço público, contra a inteligência. Defendem a saúde e a educação para poucos para com isso, manterem intactos os seus privilégios. São xenofóbicos, racistas, misóginos e LGTBfóbicos. Querem viver em paz, cercados por muros, repletos de armas. Com isso, predomina a fome, a miséria, o trabalho precário, a injustiça e a guerra.
E como se já não bastasse o Brasil estar passando por um verdadeiro desgoverno, negacionista, inimigo da educação, da saúde, da ciência e da vida, governadores, como o de São Paulo, João Doria, inimigos da educação e, pasmem, o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sergio Moro querendo ser candidato à Presidência da República e em nome da moralidade.
Logo ele, que é acusado de destruir grandes empresas nacionais em benefício de empresas estadunidenses. Após sair do Ministério da Justiça, ele passou a trabalhar para uma empresa que faturou e continua faturando com essas barganhas. O Tribunal de Contas da União exige respostas, mas ele não as tem.
Passamos por tudo isso e uma pandemia que vitimou cerca de 650 mil brasileiras e brasileiros pela falta de vontade do desgoverno de comprar vacinas. Estamos à beira de uma recessão que não passa porque esse desgoverno não tem capacidade para gerir o país e muito menos para criar um projeto de desenvolvimento que traga empregos decentes com carteira assinada e com direitos.
O país já vive esse caos e agora o mundo está ameaçado por uma guerra que não interessa em nada para a classe trabalhadora. Interessa somente àqueles que ganham com a guerra, com a morte. Grandes conglomerados econômicos que vivem da guerra e pouco se importam com a vida humana e com o planeta.
A nós, portanto, interessa a paz. Mas a paz com trabalho decente, com vida digna, com direitos sociais, individuais e humanos respeitados. Às brasileiras e brasileiros interessa uma solução diplomática para o conflito entre Rússia e Ucrânia, assim como para todos os conflitos no planeta.
Todos os povos do mundo têm o direito a viver em paz e resolver os seus conflitos internos com diálogo, sem violência e sem interferência. Porque “eu pensei em mim, eu pensei em ti. Eu chorei por nós, que contradição só a guerra faz nosso amor em paz. Eu vim, vim parar na beira do cais, onde a estrada chegou ao fim, onde o fim da tarde é lilás, onde o mar arrebenta em mim o lamento de tantos ais” (A Paz, de Gilberto Gil e João Donato).
Professora Francisca é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.