Os últimos dias têm sido marcados pelo acirramento dos conflitos geopolíticos no entorno da Rússia, envolvendo além de Moscou e Ucrânia, os EUA, o chamado Ocidente e a China. Embora os grandes meios de comunicação, fieis à ideologia imperialista, estejam impondo a narrativa de que o líder da Federação Russa, Vladmir Putin, é o grande responsável pelo agravamento da crise, a verdade é bem outra.
Decidido a promover a expansão da Otan para o leste europeu, o que vem ocorrendo desde a implosão da União Soviética, Washington arma e manipula o governo fantoche instalado em Kiev após um golpe de Estado liderado pela extrema direita em 2014 e redobra as provocações contra a Rússia.
Moscou deslocou tropas para a fronteira com o país e declarou apoio à independência das Repúblicas de Donetsk e Lugansk em reação à intensificação da ofensiva do governo neofascista contra os rebeldes separatistas, em sua maioria russos.
Putin conta com o relevante apoio da China, que também é vítima de recorrentes provocações imperialistas no seu entorno (no Mar da China, em Taiwan e Hong Kong) e condenou de forma enérgica o comportamento da Casa Branca.
A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, afirmou que a conduta das autoridades norte-americanas “é algo imoral e irresponsável”. Segundo ela, “os Estados Unidos não param de vender armas para a Ucrânia, aumentando a tensão e criando pânico”, o que equivale a “jogar lenha na fogueira” da crise ucraniana”.
O conflito é mais amplo do que parece e reflete a estratégia agressiva dos EUA para manter sua hegemonia no mundo e visa também a Europa, conforme denuncia em nota o Partido Comunista da Federação Russa. “Washington, cada vez mais fraco em sua competição global com a China socialista, procura resolver seus próprios problemas destruindo as economias de seus aliados da OTAN“, sustenta a nota assinada pelo líder da legenda, Gennady Ziugano. Leia a íntegra abaixo:
A situação na fronteira entre a Ucrânia e as repúblicas do Donbass deteriorou-se ao limite. Unidades armadas ucranianas estão intensificando o bombardeio dos territórios das Repúblicas de Donetsk (DPR) e de Lugansk (LPR), criando a necessidade de uma evacuação em massa da população.
Ao mesmo tempo, a guerra de informação contra a Rússia está se intensificando por parte da mídia ocidental com o concurso da ucraniana. A situação aponta diretamente para uma estreita coordenação de provocações militares e agressões informativas.
O presidente dos EUA está planejando aventuras perigosas cada vez mais abertamente. Biden anuncia pessoalmente as datas míticas do início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, comenta os confrontos no Donbass e repreende Zelensky tanto por ele dizer que não vê sinais de preparativos da Rússia para a agressão, quanto por fazer uma viagem inoportuna à Conferência de Segurança de Munique. Em outras palavras, Washington propositalmente provoca crescentes tensões nas relações Rússia-Ucrânia.
O Comitê Central do Partido Comunista da Federação Russa (PCFR) repetidamente tem observado que o objetivo das autoridades dos EUA e seus aliados em Londres não só é a escravização final da Ucrânia e a sangria da Rússia. Simultaneamente, realiza-se o projeto de minar o potencial econômico da União Europeia e diminuir a sua influência no mundo moderno. Guerra no centro da Europa, sanções forçadas contra a Rússia e declínio da atividade econômica na UE aumentariam as vantagens competitivas dos EUA. Washington, cada vez mais fraco em sua competição global com a China socialista, procura resolver seus próprios problemas destruindo as economias de seus aliados da OTAN.
Hoje, aqueles que jogam de acordo com as regras dos anglo-saxões costumam submeter a Rússia a uma enxurrada de acusações e “não percebem” as ações provocativas da Kiev oficial. Ao mesmo tempo, o fato da gradual banderização [Referencia a Stepan Bandera, figura que encabeçou a Organização de Nacionalistas Ucranianos, surgida no final dos anos 20 que, sob o pretexto de almejar um Estado ucraniano independente, colaborou com as forças nazistas, no que foram derrotados pelo avanço do Exército Vermelho, na Segunda Guerra] da Ucrânia foi ignorado por muito tempo. Os políticos ocidentais fingem que não conhecem o significado e o espírito das decisões do Julgamento de Nuremberg. O grande capital dos EUA e da Europa, que foi conivente com a chegada de Hitler ao poder, está hoje pronto para promover derramamento de sangue e agressão. Em meados do século passado a Humanidade pagou por essa política com milhões de vidas humanas. Só o povo soviético perdeu 27 milhões de vidas de seus filhos e filhas na luta contra o fascismo.
O Partido Comunista da Federação Russa considera que a chantagem militar do Ocidente deve obter uma resposta de princípios na forma de posição firme da Rússia em defesa da população pacífica do Donbass e punição dos agressores. Nesse sentido, a tarefa mais importante da comunidade mundial é parar as ações do Ocidente destinadas a transformar a Ucrânia em um estado fascista. Configura-se uma situação em que é necessário o conjunto das seguintes medidas de emergência.
Primeiro. Como questão prioritária, é necessário ajudar crianças, mulheres, idosos – todos os refugiados do Donbass que procuram se esconder da guerra no território da Rússia. Apelamos a todos para que lhes prestem a assistência necessária. Autoridades públicas, partidos e movimentos, empresas e organizações, cidadãos de nosso país, todos devem participar deste trabalho.
Segundo. O apelo da Duma [Parlamento] do Estado ao Presidente da República para que reconheça a independência da DPR e da LPR está se tornando cada vez mais relevante. Hoje, tal decisão surge como a chave para conter a agressão contra as duas repúblicas e proteger suas populações.
Terceiro. Fica claro que Washington está implementando um plano multifacetado para escravizar a Ucrânia, demonizar a Rússia e enfraquecer a Europa. Não faz sentido esperar um diálogo com os herdeiros de Bandera e Shukhevich, especialmente considerando que eles têm patronos poderosos. É necessário implementar toda uma gama de medidas para impor a paz aos iniciadores do derramamento de sangue em massa.
Quarto. Na arena internacional chegou a hora de lançar uma ofensiva política decisiva contra qualquer tentativa de reabilitação do fascismo. As autoridades russas precisam usar ativamente toda a influência de nosso país nas organizações internacionais para isso. Ao desenvolver o movimento antifascista e antiguerra, propomos usar todo o arsenal de cooperação bilateral e multilateral com outros países, usar amplamente os métodos da diplomacia parlamentar e popular.
É hora de todos estarem cientes de que os mecanismos da democracia na Ucrânia foram abolidos. Após o golpe de estado de 2014, a política real em seu território é cada vez mais ditada por gangues bandeiristas agressivas. Representando uma minoria terrorista absoluta, eles mantêm o povo ucraniano com medo e impõem regras de conduta aos funcionários do governo. É este fato que explica a transformação política de Volodymyr Zelensky. Eleito pelos ucranianos como presidente da paz no Donbass e da normalização das relações com a Rússia, ele acabou sendo um condutor de uma política diretamente oposta
Na situação atual, a tarefa de libertar a Ucrânia da ditadura de Bandera não pode ser resolvida pelo próprio povo ucraniano. A população civil do país ainda é só parcialmente capaz de expressar sua opinião através do que resta dos procedimentos parlamentares, mas ela não consegue resistir às forças do terror armadas até os dentes. A tarefa de desnazificação da Ucrânia deve se tornar a principal preocupação da comunidade mundial.
Com informações do Hora do Povo