Por Altamiro Borges
O jornalista Jamil Chade revelou no site UOL neste sábado (5) que “três meses após o presidente Jair Bolsonaro ter recebido a cidadania honorária de Anguillara Veneta, moradores da cidade e o Partido Europa Verde recorreram à Justiça com a apresentação de uma ação popular em que pedem que a honraria seja anulada”.
A pequena cidade italiana é o berço da família do neofascista brasileiro. Isto levou a prefeita de extrema-direita do local a conceder o título, o que gerou inúmeros protestos na ocasião. Agora, uma ação popular foi protocolada no tribunal de Padova pedindo que a ridícula homenagem seja considerada “ilegítima ou nula”.
“O documento de 23 páginas, ao qual a reportagem teve acesso com exclusividade, denuncia a prefeita Alessandra Buoso e oito vereadores que compõem o quadro de seu governo. A ação pede que a resolução nº 27, com a qual foi concedida a cidadania honorária a Bolsonaro, seja considerada ‘ilegítima ou nula, pois a identidade e imagem da prefeitura foram lesados após terem sido associadas a expressão de valores conflitantes com os valores históricos, tradicionais e culturais do município de Anguillara Veneta’”, informa o correspondente.
Esterco e protestos na prefeitura
Conforme relembra a reportagem, a homenagem foi feita em 1º de novembro do ano passado. “Enquanto chefes de governo de todo o mundo estavam na Cúpula da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow, negociando o futuro do planeta, Bolsonaro esteve em Anguillara e participou de um evento para que pudesse receber o Título de Cidadão Honorário diretamente das mãos da prefeita”.
Na ocasião, houve protestos de lideranças religiosas, sindicalistas, políticos e grupos de direitos humanos. O clima esquentou antes mesmo da viagem do rejeitado presidente brasileiro e quase inviabilizou o circo. “Antes de receber Bolsonaro, uma reunião de emergência entre os vereadores do local foi realizada. Mas a proposta foi aprovada, enquanto um pequeno protesto foi organizado no local, com bandeiras do Brasil e um cartaz com a palavra: ‘vergonha’”.
“Causou ainda indignação o fato de a prefeita, Alessandra Buoso, ter pedido a liberação de 9.000 euros (R$ R$ 58 mil) para receber ‘uma delegação estrangeira’. Para uma cidade de apenas 4.000 habitantes e que atravessa uma crise econômica, o valor gerou revolta de uma parcela da população. A prefeita é do partido Liga, liderado por Matteo Salvini, um admirador de Bolsonaro e que foi até a região para encontrar seu aliado político”.
Jamil Chade ainda acrescenta que “no dia da homenagem, o almoço destinado a um seleto grupo de convidados da prefeita foi realizado em um local fora do centro e longe dos olhares dos habitantes da cidade. Indignados com a homenagem ao presidente, grupos organizaram um protesto naquele dia”. A sede da prefeitura também havia sido pichada com a frase “Fora Bolsonaro” e suja com esterco.
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